“Elio” marca o retorno da fórmula Pixar com muita emoção, humor e uma homenagem aos filmes de ficção científica
A Pixar voltou com “Elio“, uma animação que reforça tudo aquilo que o estúdio sabe fazer de melhor: criar personagens sensíveis, trabalhar temas profundos com leveza e construir um universo visualmente deslumbrante.
Logo nos primeiros minutos, a narrativa apresenta um garoto que perdeu os pais muito cedo e vive com a tia, que agora precisa lidar com uma responsabilidade inesperada. Esse começo mostra uma realidade familiar simples e imperfeita, é um convite imediato à empatia. A vontade de pertencer a algum grupo e o desconforto com as próprias inseguranças emocionais tornam Elio um personagem universal. Uma premissa feita para tocar tanto com adultos quanto com crianças, ao abordar feridas emocionais que atravessam gerações. O filme não reinventa a roda, mas entrega uma experiência emotiva e cheia de humanidade, mesmo ambientada em outro planeta.
Famílias não tradicionais e toques de ficção científica com base na realidade
Um dos pontos altos da narrativa é como ela lida com a ideia de família fora dos padrões tradicionais. Elio vive com a tia, e seu melhor amigo alienígena também tem uma estrutura incomum: criado só pelo pai, com uma mãe ausente. O filme não dramatiza essas ausências, mas mostra como o afeto pode surgir em relações construídas no cotidiano, com carinho e apoio emocional, mesmo que venham acompanhadas de conflitos e falta de preparação.
Outro detalhe interessante é como o roteiro incorpora elementos reais da história espacial, como o “Disco de Ouro” enviado pela NASA nas sondas Voyager em 1977. A referência não é central, mas está lá, discretamente, mostrando um cuidado na construção do universo. Esse nível de pesquisa e sofisticação é um dos traços que ainda diferenciam a Pixar no mercado de animação.
Temas universais e estranheza que cativa
A parte visual também segue impecável. O uso constante de tons fluorescentes em um fundo escuro, ajuda a reforçar a sensação de um universo intergaláctico distante e acolhedor. Os alienígenas do filme têm um design que mistura o exótico ao simpático, encontrando o ponto ideal entre o estranho e o encantador. É um visual que chama a atenção sem causar medo, equilibrando muito bem o apelo infantil com a ambição artística.
Elio fala sobre pertencer, mas também sobre afeto, empatia e autoestima. E faz isso por meio de duas jornadas paralelas que se complementam: a do protagonista e a do seu novo amigo alienígena. Ambas carregam as mesmas angústias, mas também se encontram na força da amizade e do amor. O humor do filme é leve, mas inteligente, e serve também como canal para normalizar demonstrações de afeto, como o simples ato de dizer “eu te amo” em qualquer relação, sem limitações.
Pixar sendo Pixar
A fórmula Pixar está toda aqui: emoção sincera, roteiros que conversam com todas as idades, personagens que erram e aprendem, um visual impressionante e um final que deixa o coração mais quente. Pode não ser o mais ousado dos filmes do estúdio, mas é certamente um dos mais honestos e sensíveis. É aquele tipo de filme que você termina querendo ligar para quem ama (e com certeza te fará chorar).