Estreia mundial do documentário “Vigo Me Voy!”, marca despedida emocionante de um dos maiores nomes do cinema nacional na Croisette, onde brilhou por seis décadas.
Apesar da saudade deixada por sua partida em fevereiro, Cacá Diegues voltou a Cannes — desta vez, como protagonista do documentário “Para Vigo Me Voy!”. O filme teve sua estreia mundial no prestigiado Festival de Cannes, integrando a seleção Cannes Classics e concorrendo ao Olho de Ouro, prêmio dedicado aos melhores documentários do evento.
Ainda assim, a emoção foi o fio condutor da sessão, muito aplaudida e repleta de figuras ilustres do audiovisual brasileiro. Alice Braga, Camila Pitanga e Marianna Brennand estavam entre os presentes, ao lado dos diretores Lírio Ferreira e Karen Harley, que assinam a produção junto com a Coqueirão Pictures.
Enquanto narra a trajetória de Diegues, o documentário mergulha em mais de seis décadas de cinema e história do Brasil. Ou seja, “Para Vigo Me Voy!” não apenas documenta sua obra — como também celebra o impacto cultural e político do cineasta.
Frequentemente, imagens inéditas, entrevistas e cenas icônicas são entrelaçadas em uma narrativa viva e comovente. Em seguida, surgem trechos de clássicos como “Bye Bye Brasil“, Quilombo, Joanna Francesa e, logo depois, registros da última filmagem de Diegues: o inédito “Deus Ainda É Brasileiro“.
Juntamente com os filmes, o documentário resgata encontros com artistas que fizeram parte dessa jornada, incluindo Sonia Braga, Antonio Pitanga, Chico Buarque, Gilberto Gil e Wagner Moura.

“Para Vigo Me Voy!” / Reprodução
Cannes e Cacá: uma história entrelaçada
Antes que se tornasse símbolo do Cinema Novo, Diegues já desfilava talento pelas salas de Cannes. Constantemente presente desde os anos 1960, ele teve oito longas exibidos no festival — incluindo três na competição oficial e outros tantos em mostras paralelas.
Desde que estreou com o coletivo “Cinco Vezes Favela“, sua carreira cruzou o Atlântico diversas vezes. Eventualmente, tornou-se jurado da mostra principal e referência do cinema latino-americano.
Logo após sua morte, o documentário estava em fase de montagem. Então, “Para Vigo Me Voy!” também cumpre o papel de despedida — e de eternização.
Ao mesmo tempo em que reverencia um mestre, a produção reafirma a força do cinema brasileiro contemporâneo. Com distribuição da Gullane+ e produção de Diogo Dahl, o filme é um dos grandes destaques do país no exterior neste ano.
Anteriormente, a mesma equipe já havia levado o premiado Cinema Novo, de Eryk Rocha, ao festival em 2016 — e, agora, retorna com uma nova homenagem à sétima arte nacional.