Autenticidade, atitude e talento: Doechii e a jornada da artista que conquistou Beyoncé, Billie Eilish e o mundo.
Neste domingo (2), os olhos do mundo estarão voltados para o Grammy 2025. Na categoria de Melhor Artista Revelação, nomes do pop como Sabrina Carpenter e Chappell Roan dominam as apostas. Porém, enquanto as favoritas se enfrentam na disputa, uma rapper com estilo e atiturde pode virar o jogo: Doechii.
Aos 26 anos, a artista americana concorre a três prêmios na premiação mais prestigiada da música. Além da disputa por Artista Revelação, seu projeto “Alligator Bites Never Heal” pode render à rapper o título de Melhor Álbum de Rap – um feito inédito para uma mulher com uma mixtape. Mas, afinal, quem é Doechii? E por que a indústria da música não para de falar sobre ela?
Doechii – Alligator Bites Never Heal / Reprodução
A dualidade que define Doechii
Desde pequena, Jaylah Ji’Mya Hickmon, natural de Tampa, Flórida, demonstrava inquietação criativa. Ballet, sapateado, atuação, ginástica – ela se jogava em tudo. A música, no entanto, foi onde encontrou sua verdadeira voz. Ainda assim, o ambiente escolar era hostil. Para se proteger do bullying, criou uma nova versão de si mesma: nasceu Doechii.
“Jaylah poderia sofrer bullying, mas Doechii não. Ela tinha uma atitude diferente”, revelou à Vulture.
Entretanto, essa atitude se traduziu em ação. Em 2016, ela começou a lançar músicas no SoundCloud, ganhando atenção gradativamente. Contudo, o primeiro grande sinal de reconhecimento veio com “Yucky Blucky Fruitcake“, faixa autobiográfica que viralizou no TikTok em 2021.
A ascensão acelerada lhe rendeu um contrato com a Capitol Records e um feito histórico: tornou-se a primeira mulher rapper da Top Dawg Entertainment, selo responsável por nomes como Kendrick Lamar e SZA.
A reviravolta que definiu 2024
Apesar do talento inegável, o nome de Doechii ainda não ressoava mundialmente até meados de 2024. O lançamento de “Alligator Bites Never Heal“, em agosto, marcou o início da sua escalada definitiva. Embora tenha recebido atenção moderada inicialmente, a mixtape explodiu nos meses seguintes.
O motivo? Performances marcantes. No festival Camp Flog Gnaw, no Late Show With Stephen Colbert, e, especialmente, no Tiny Desk Concert da NPR, Doechii mostrou que é mais que uma artista de estúdio – ela domina o palco. Seu show íntimo e visceral ultrapassou 8 milhões de visualizações e consolidou seu nome entre os grandes.
“O sucesso dela não é sobre viralizar, é sobre presença. É sobre saber prender a atenção”, declarou Billie Eilish, uma de suas admiradoras.
Doechii / Reprodução
Estilo e identidade de impacto
Doechii não se encaixa em padrões. Sua música mescla hip-hop, R&B e influências eletrônicas, enquanto suas letras transitam entre humor ácido e reflexões. Em “Denial Is a River“, um de seus maiores sucessos, a rapper brinca com seu alter ego terapeuta, transformando um desabafo pessoal em uma sátira genial.
Mas sua autenticidade não está só no som – seu visual é igualmente impactante. Com tranças enfeitadas por miçangas e adesivos de facelift à mostra, a rapper transforma cada aparição em um espetáculo visual. Seu estilo mistura preppy, streetwear e elementos irreverentes, o que a torna uma referência também na moda.
Um Grammy (ou três?) à vista?
No segundo semestre de 2024, o nome de Doechii passou a ser citado por gigantes da indústria. Beyoncé a recomendou à revista GQ, Kendrick Lamar a chamou de “uma das maiores por aí” e Billie Eilish se declarou fã. Agora, a rapper chega ao Grammy com o peso de três indicações e o respaldo de algumas das maiores estrelas da música.
“Eu quero ser a melhor. Ponto”, disse à Apple Music.