A Lenda de Ochi: uma fábula sobre pertencimento e herança emocional

Com estética fria e atmosfera contemplativa, o filme aborda amadurecimento, conexões improváveis e os desafios de romper com a própria herança emocional.

Dirigido por Isaiah Saxon, o longa acompanha uma jovem que, após se separar do pai, precisa sobreviver sozinha em uma floresta cheia de perigos, criaturas misteriosas e simbolismos. A construção da relação dela com os seres que habitam esse lugar carrega um peso emocional forte, principalmente pelo fato de essas criaturas terem sido, justamente, as responsáveis pela destruição de sua família. Isso cria, desde o início, um vínculo improvável, e, ao mesmo tempo, essencial para sua jornada de amadurecimento.

Uma estética simbólica

O visual do filme é uma de suas maiores forças. As imagens trabalham com tons frios e esmaecidos, uma paleta que transmite solidão, desconforto e vulnerabilidade. A floresta ganha contornos ameaçadores, com cenários escuros e uma ambientação que reforça a constante sensação de perigo. Essa estética conversa diretamente com a proposta do filme, que flerta o tempo todo com o desconforto e a incerteza. A vibe fantasiosa, porém, suaviza essa tensão, trazendo uma camada contemplativa e até poética, que transforma esse mundo selvagem em algo surrealista.

Além da fotografia impecável, o filme entrega várias referências artísticas que enriquecem sua construção visual. Uma das mais evidentes é a alusão à obra “O Toque de Adão”, que surge em alguns enquadramentos como metáfora sobre conexão, origem e transcendência. Isso reforça o discurso sobre pertencimento e a busca por algo que vá além do instinto de sobrevivência. A direção é cuidadosa, pensada para cada plano contar uma parte da história, mesmo sem palavras.

Herança emocional e pressão familiar

Debaixo da fantasia e da aventura, o longa fala diretamente sobre temas humanos. A trama aborda pertencimento, pressão familiar, idolatria religiosa e os traumas herdados ao longo de gerações. A relação da protagonista com o pai é marcada por cobranças, expectativas e uma rigidez que ela tenta romper. Ao ser jogada em um mundo desconhecido, ela enfrenta o peso da própria herança emocional. O vínculo que ela cria com as criaturas é uma metáfora poderosa sobre aprender a se reconectar com aquilo que mais teme, para então se reconstruir.

Ritmo contemplativo, escolhas questionáveis

O filme adota sem receio um ritmo mais introspectivo, o que pode ser um desafio para aqueles que esperam uma história convencional. Por outro lado, conforme comum em filmes de fantasia, algumas escolhas narrativas soam um pouco ingênuas, mas não comprometem a experiência. Faz parte da proposta de contar uma fábula, onde o simbolismo é mais importante do que a lógica de certos acontecimentos. É um filme que exige uma certa entrega do público, especialmente daqueles que buscam mais contemplação do que ação.

Elenco que traz força à história

O elenco tem sua importância, ainda que pontualmente. Finn Wolfhard aparece quase como um coadjuvante, com pouco espaço para desenvolvimento. Já Willem Dafoe entrega uma atuação excelente, trazendo força, carisma e uma presença magnética que ajuda a amarrar as pontas da história. Sua participação eleva o filme em vários momentos, adicionando uma camada de profundidade emocional que faz toda diferença. No fim das contas, não é um filme para todos, mas é uma obra que entrega uma experiência cheia de metáforas, contemplação e beleza visual.

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