“A Última Ponta” celebra três décadas de contracultura, rimas afiadas e resistência em shows especiais com convidados e novos repertórios de Planet Hemp.
Agora é oficial: o Planet Hemp está se aposentando. Apesar disso, o clima está longe de ser melancólico. Conforme explica Marcelo D2, a proposta é de uma verdadeira celebração da trajetória do grupo. “Não é pra ficar de luto, vai ser uma comemoração de nossa história”, afirma.
Desde que surgiram, em 1993, os integrantes nunca se intimidaram com regras. Ou seja, nada mais coerente que esse adeus seja uma grande festa política, sonora e afetiva. Os shows acontecem entre setembro e novembro, em dez capitais brasileiras, incluindo Salvador, Recife, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo.
Os ingressos estão disponíveis no site da Eventim (com exceção de Salvador, cujos ingressos estão disponíveis na Sympla).
Antes que o nome Planet Hemp se espalhasse pelos palcos mainstream, Marcelo D2 vendia camisetas de banda no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Foi nesse cenário que conheceu Skunk, com quem fundou a banda. Juntamente com outros músicos, passaram a agitar a cena underground ainda antes de lançarem o primeiro disco.
Logo depois, em 1994, a morte precoce de Skunk interrompeu a parceria. Entretanto, a entrada de BNegão consolidou a formação clássica. Desde então, o grupo nunca parou de provocar o sistema.
Atualmente, a banda é formada por Marcelo D2, BNegão, Formigão, Nobru, Pedro Garcia e Daniel Ganjaman.
“A Última Ponta” / Cartaz / Reprodução
Contra tudo, com som e fumaça
Apenas dois anos após a fundação, o Planet Hemp lançou “Usuário” (1995), que rapidamente se tornou um clássico. Com faixas como “Legalize Já”, “Dig Dig Dig (Hempa)” e “Mantenha o Respeito”, o grupo escancarou o debate sobre drogas, violência policial e liberdade de expressão.
Logo após o sucesso, em 1997, vieram os confrontos com a Justiça. Acusados de apologia às drogas, os integrantes foram presos após um show em Brasília. Ainda assim, ganharam apoio massivo e tornaram-se símbolo de resistência.
Em seguida, lançaram “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára” (1997), que contém o verso que nomeia a turnê. Ou seja, o encerramento do Planet Hemp vem diretamente de uma de suas músicas mais icônicas.
Apesar do hiato nas décadas seguintes, o grupo voltou com força total. “JARDINEIROS” (2022) rendeu dois GRAMMYs Latinos — incluindo Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa. Ainda assim, o Planet Hemp manteve a essência subversiva e combativa que sempre o guiou.
Constantemente, suas letras foram além da música, influenciando pautas sociais e políticas. Desde que surgiu, a banda serviu de ponte entre o underground e o mainstream, sem nunca perder o tom de protesto.
A Última Ponta
O repertório da turnê será inédito, com convidados especiais e faixas nunca antes tocadas ao vivo. Em seguida à apresentação em São Paulo, o grupo planeja encerrar oficialmente suas atividades.
Finalmente, como definiu D2: “Vamos aproveitar esses últimos momentos juntos, na estrada, como banda, e nos conectarmos mais uma vez com essa galera que está nos apoiando desde o início”.
