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“Meu Novo Brinquedo” conta com grandes atuações mas se perde na própria narrativa

Meu Novo Brinquedo” é o mais novo filme do diretor James Huth. Ele tem o conhecido comediante francês Jamel Debbouze no elenco, bem como Simon Faliu e Daniel Auteuil nos outros dois papéis principais.

A premissa do filme é absurda já de cara e, devido ao tom que a narrativa se utiliza, quem assiste fica se perguntando se ele se trata de um filme mais focado no público infantil, se é uma comédia adulta, ou se pretende fazer críticas sociais. O que podemos dizer após conferir o longa é que: provavelmente, nem os próprios roteiristas sabem.

Nenhum dos gêneros se faz presente durante todo o longa, e passear por estilos distintos também não parece ter sido algo deliberado. O filme começa num tom mais de comédia, retratando dificuldades da vida cotidiana de forma leve e engraçada. Daí, ele parte para um tom um pouco mais infantil, principalmente quando Samy (Jamel Debbouze) começa a interagir com Alexandre (Simon Faliu). Por fim, ele tenta fazer uma espécie de crítica social mas que não dá muito certo e ocorre tarde demais no longa.

Mas comecemos do começo. A narrativa do filme foca em Samy, um homem que está com dificuldades para sustentar sua esposa e seu filho, o qual está prestes a nascer. Ele aceita um trabalho como guarda noturno, mas, durante um dia de trabalho, o filho do dono da loja em que trabalha, Alexandre Étienne, passa por lá para escolher um presente de aniversário. Ele vê Samy e, naquele momento, decide “comprar” o funcionário como seu novo brinquedo.

Oportunidades perdidas

O longa perde uma grande oportunidade, de fazer o que poderia ser uma interessante discussão racial. Um menino branco, rico, e mimado, se vê “no direito” de literalmente comprar (como o personagem joga na cara de Samy várias vezes) um funcionário pertencente a uma minoria racial e de uma classe socio-econômica diferente.

Até metade do filme, cria-se esperança de que o roteiro vá puxar um coelho da cartola e fazer algum tipo de analogia inteligente a respeito, mas não faz. Daí você pensa “ok, o elenco não foi escolhido com esse propósito, a visão do filme é não abordar pautas sociais“. Mas o personagem Alexandre tenta humilhar Samy de várias formas diferentes, fazendo ele imitar um cachorro, usar roupas ridículas, e até mesmo tenta controlar o que ele pode ou não fazer.

A verdade é que o filme se torna desconfortável de assistir. Para quê essa representação sem um propósito? Alguns personagens do elenco de apoio tentam amenizar a situação, dizendo coisas como “no fundo, somos todos brinquedos dele também“. E é verdade que o personagem trata a todos mal, mas nenhum parece ser tão humilhado quanto Samy. O sabor amargo que fica é o de que Alexandre “o comprou” somente com esse propósito em mente, o que é, no mínimo, estranho.

Então, do nada, “Meu Novo Brinquedo” parece finalmente seguir rumo a uma pauta racial e críticas sociais. O personagem Samy se impõe contra os caprichos do menino, e diz coisas como “eu sou humano, não sou um brinquedo“. Mas é isso, acaba por aí. Ele até tenta se demitir, mas a necessidade financeira de sua família fala mais alto, o que é compreensível.

Samy e Alexandre brincando | Foto: Divulgação
A reviravolta

Só que daí uma coisa muito irritante acontece: o filme começa a tentar mostrar Alexandre como vítima das circunstâncias. Como se seu comportamento péssimo pudesse ser justificado pela perda de sua mãe, o que aliás parece ser a intenção, visto que a cena inicial do longa é justamente a do velório dela. A dor corrói, machuca, mas nada justifica se distrair magoando outro ser humano.

O filme parece querer explicar que o fato de Alexandre ser uma criança e de ter tido essa grande perda, torna suas ações compreensíveis. Mas elas não são, o que torna a ambientação completamente fora da realidade.

Para piorar, do meio para o final do longa, o roteiro sofre de uma doença que frequentemente acomete filmes ao redor do mundo, chamada: “vamos terminar logo isso“. O enredo não corre, ele voa. Alexandre tem uma mudança drástica de comportamento após uma única conversa com Samy, virando assim seu maior fã. À partir de então, ele contradiz a própria imagem que a narrativa tentou passar mais cedo, de que ele era apenas um menino sofrendo.

Ele mostra maturidade e inteligência emocional enormes para resolver vários conflitos. Na verdade, ele é retratado como uma espécie de Flash da vida real, solucionando problemas que iam desde trabalhadores prestes a perder seus empregos, à sua relação com seu pai Philippe (Daniel Auteuil). Nos minutos finais, a narrativa parece querer encaixar o máximo de resoluções possíveis e entregar um final feliz a todo custo para o espectador. Não existe um real crescimento dos personagens, apenas curas milagrosas. O que é uma pena, já que Jamel Debbouze, Simon Faliu, e Daniel Auteuil estavam particularmente espetaculares em seus papéis (o que justifica a nota do filme) e poderiam ter entregue muito mais com um roteiro que estivesse à altura de suas atuações.

Samy, Alexandre e Philippe | Foto: Divulgação
14º Festival Varilux de Cinema Francês

Meu Novo Brinquedo” foi um dos 19 filmes inéditos participantes do 14º Festival Varilux de Cinema Francês. A Capy cobriu a noite de estreia do festival francês, e você encontra o conteúdo aqui no site e em nosso Instagram e TikTok.

Além disso, entrevistamos Emmanuelle Boudier (curadora do festival) e Julia de Nunez (estrela da série de sucesso “Brigitte Bardot”).

Disponibilizamos também resenhas de outros longas participantes do evento, como: “Maestro(s)“, “O Renascimento“, “O Desafio de Marguerite“, “Making Of“, “O Astronauta” e “O Livro da Discórdia“.

“Meu Novo Brinquedo”

(França, 2022, 112 min.). Direção: James Huth. Comédia. Disponível para compra e aluguel nas principais plataformas digitais (AmazonClaro TVGoogle PlayVivo PlayMicrosoft iTunes).

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