William Eubank é conhecido por sua habilidade em criar atmosferas envolventes e visuais impressionantes em seus filmes anteriores, como “The Signal” e “Underwater“. Em “Zona de Risco”, ele demonstra novamente sua maestria em criar tensão e imersão, especialmente na maneira como utiliza o equipamento técnico e na mudança de cenário para proporcionar uma experiência cinematográfica impactante. No entanto, o filme parece carecer de profundidade na caracterização dos personagens e na exploração das questões éticas subjacentes ao militarismo, algo que poderia ter sido melhor desenvolvido considerando o talento do elenco, incluindo Russell Crowe e Liam Hemsworth.
Sinopse
“Zona de Risco” segue uma divisão militar especial dos Estados Unidos em uma missão de infiltração em um território do sudeste asiático controlado por traficantes de armas internacionais. A história se desenrola através do ponto de vista de Kinney (interpretado por Liam Hemsworth), um soldado da aeronáutica com pouca experiência em combate, encarregado de auxiliar a equipe Delta como ponto de conexão entre os soldados de campo e o apoio aéreo, controlado remotamente por Reaper (interpretado por Russell Crowe).
Explorando Além das Explosões
O filme apresenta uma guerra secreta que segue a fórmula básica de jogos como Call of Duty, mas ainda consegue cativar, especialmente no início, à medida que esperamos a evolução do protagonista, Kinney (interpretado por Liam Hemsworth), também conhecido como Playboy. Kinney é retratado como um novato inexperiente no campo de batalha, especialista em comunicações, que inicialmente parece ser um fardo para seus colegas mais experientes. Sua postura perdida e às vezes inocente não gera grandes expectativas entre os outros personagens no início da trama, embora seja previsível que eventualmente reconhecerão o valor do novato.
Personagens Sem Passado
O filme opta por uma apresentação rápida dos personagens, sem mergulhar profundamente em suas histórias individuais, o que pode resultar em uma superficialidade na narrativa e na subutilização do talento dos atores, especialmente de Russell Crowe, que, mesmo sem grande esforço, utiliza seu carisma para aliviar a tensão e trazer um toque de humor para as cenas. Desde o início, somos intrigados por uma cena em que a colega de Crowe começa a fazer uma pergunta, mas não a conclui, deixando espaço para especulações que só são exploradas mais adiante. O mesmo ocorre com o personagem de Liam, do qual sabemos pouco além do fato de gostar de Froot Loops.
Pontos Positivos e Estereótipos Expostos
A maneira como o equipamento técnico é utilizado neste filme se destaca, superando muitos outros filmes modernos sobre guerra de drones. A mudança de cenário também é um ponto positivo, já que somos rapidamente transportados para uma imersão que pode até nos deixar atordoados devido às condições dos prisioneiros. No entanto, junto com a imersão no cenário de cativeiro, surge um dos maiores defeitos do filme: a perpetuação do estereótipo dos não-americanos como bárbaros que vivem de forma selvagem na floresta. Embora haja um breve momento em que o inimigo confronta um soldado sobre os efeitos de tirar vidas, expressando que para ele, matar traz consequências profundas, essa tentativa de humanizar o “vilão” fica apenas na promessa, pois é um diálogo isolado que não é desenvolvido mais adiante na narrativa.
Um Final Explosivo
O clímax do filme, sem dúvida, é o ponto alto da narrativa. Em particular nos filmes de ação, estamos acostumados a ver cortes rápidos para impactar o público, mas aqui há uma escolha corajosa de usar câmera lenta, sem receio de parecer estranho. Há uma sequência final em que a ação faz pausas breves, permitindo que Russell Crowe faça compras de queijo vegano, até o momento explosivo em que as emoções do personagem são liberadas. Essa abordagem adiciona uma camada de surpresa ao desfecho do filme.
Considerações Finais
Para os aficionados pelo gênero, a boa notícia é que “Zona de Risco” oferece uma carga completa de ação até o último momento. O filme é repleto de explosões, tiroteios, mísseis, granadas, lutas corpo a corpo e algumas mortes sangrentas. A história não se preocupa muito em contextualizar a missão central, como tantos outros filmes do gênero; o foco está principalmente no entretenimento proporcionado pela atmosfera de guerra e militarismo, além de tocar superficialmente em questões éticas relacionadas a esse tema. Ao final, o filme deixa uma impressão que pode ser interpretada como uma crítica não intencional à trivialidade dos conflitos gerenciados pelos Estados Unidos. Ele sugere uma reflexão sobre a narrativa patriótica que muitas vezes é usada para justificar a presença do país em territórios estrangeiros, enquanto os cidadãos observadores, de longe, continuam a ser envolvidos por um senso de dever para com sua nação, mesmo que esse dever não tenha motivos claros e seja visto quase como uma religião.
Embora possa faltar um aprofundamento na caracterização dos personagens e na exploração de questões éticas mais complexas, “Zona de Risco” compensa com uma carga completa de ação e entretenimento até o último momento. Sem dúvidas o filme não traz nenhuma revolução ao gênero, mas oferece uma experiência cinematográfica emocionante e visualmente impactante, que certamente agradará os fãs de filmes de ação e suspense.