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‘Às Vezes Quero Sumir’ aposta na melancolia como fator de identificação

Distribuído pela Synapse Distribution, ‘Às Vezes Quero Sumir’ é o novo longa estrelado por Daisy Ridley (‘Star Wars: O Despertar da Força’) que chega ao cinemas e foi exibido no Festival de Sundance em janeiro deste ano.

Se você já assistiu à série The Office está acostumado com a ideia de uma obra de ficção tragicômica sobre o mundo coorporativo. ‘Às Vezes Quero Sumir‘ é quase uma melancólica versão em filme da série, onde temos um Michael Scott feminino, uma estagiária carismática, e uma protagonista entediada.

Dirigida por Rachel Lambert, a comédia dramática explora as complexidades da mente de Fran. Interpretada por Daisy Ridley, ela é uma mulher que pensa na morte com frequência. Após um momento cômico no trabalho, Fran acaba se envolvendo em um romance inesperado com um novo colega. Porém, seus pensamentos suicidas atrapalham sua busca pela felicidade.

O filme busca abordar temas como a autoaceitação e o amor próprio de forma leve e divertida, mas nem sempre consegue cumprir este segundo objetivo.

Uma rotina opressora

Desde o primeiro momento, ‘Às Vezes Quero Sumir‘ convida o espectador a conhecer a rotina repetitiva e enfadonha de Fran com detalhes. Os minutos iniciais do longa se dedicam a mostrar, sem pressa, vários momentos do dia a dia da personagem. Enquanto isso, a atuação ímpar de Daisy se encarrega de transmitir palavras não ditas: o quão entediada e apática a personagem se sente, ainda que tenha uma vida estável.

Nesse comecinho, também chama a atenção o fato de que por Fran ser muito reservada, poucos parecem percebê-la nos ambientes. Além disso, ninguém parece se preocupar muito sobre o seu estado de espírito. Apesar do recurso ajudar a enfatizar sua solidão, ele acaba colocando o personagem Robert (Dave Merheje), numa posição de salvador. Como aparentemente só ele a enxerga, a narrativa dá a entender, muitas vezes, que ele é a solução dos problemas da personagem.

A importância das cores em um mundo bege

Isso se reflete, inclusive, no esquema de cores do longa. À partir do momento que Robert aparece, a paleta de cores do filme muda. Ele é o único ponto azul em meio a um oceano de bege, oliva, e tons pasteis, que se repetem na casa de Fran, no escritório, e nas roupas do restante do elenco. Quando Robert aparece, ele traz consigo alguns cenários um pouco mais coloridos e vívidos também. E a própria Fran muda, passando também a vestir roupas vermelho escuras.

A mudança no guarda-roupa da personagem não é muito brusca, ela vai de beges, pastéis, e marrons para o vermelho e o azul escuro. Essa mudança busca mostrar ao espectador de forma mais expressiva que a presença de Robert muda Fran. Afinal, ele é o único personagem que usa cores mais “fortes”.

Apesar de ser um recurso visual inteligente, ele também acaba sendo limitante. Isso porque ele reforça a ideia do roteiro de que Robert é uma espécie de grande salvador, do qual Fran precisa desesperadamente para conseguir ser feliz.

Robert e Fran | Foto: Divulgação
‘Ensina-me a Viver’ porque ‘Às Vezes Quero Sumir’

Um elemento recorrente no longa são as divagações criativas de Fran sobre sua morte. Quando isso acontece, é impossível não lembrar do personagem Harold (Bud Cort), do clássico “Ensina-me a Viver” (1971). Apesar da imaginação mórbida de Fran ser um pouco mais melancólica e, talvez, fantasiosa que a de Harold, uma espécie de desânimo pela vida une os personagens.

Outro ponto em comum é a presença de um interesse romântico que tenta trazer mais positividade e leveza ao protagonista. Apesar de Robert não ser tão escancaradamente apaixonado pela vida como Maude (Ruth Gordon), sua vitalidade fica evidente nos pequenos detalhes de sua personalidade: ele fala demais, é extrovertido, curioso, e ama a sétima arte.

Como ‘Ensina-me a Viver‘, ‘Às Vezes Quero Sumir‘ parece querer focar na questão de que uma vida sem paixões e, mais especificamente, sem amor pela arte, é sem graça e desanimadora.

O veredicto

Talvez se o roteiro de Stefanie Abel Horowitz e Kevin Armento tivesse mais pitadas de comédia, ou mais cenas do absurdo, como em ‘Ensina-me a Viver‘, ele poderia ser mais bem sucedido em prender a atenção do público. Ao se esforçar para mostrar todo o tédio que Fran sente em sua realidade limitante, ‘Às Vezes Quero Sumir‘ acaba entediando seus espectadores também.

São poucas as cenas que oferecem um contraponto a isso e fazem o espectador desistir da ideia de sumir ele mesmo. Uma delas é um diálogo tocante que ocorre entre Fran e sua ex-colega de trabalho Carol (Marcia DeBonis). A outra é uma sequência que mostra a protagonista em uma festa, participando de uma espécie de esconde-esconde. O momento é leve, tira algumas risadas do público, e os deixa querendo descobrir mais sobre a verdadeira personalidade de Fran.

“Às Vezes Quero Sumir”

(Estados Unidos, 2024, 94 min). Direção: Rachel Lambert. Comédia/Romance/Drama. Em exibição nos cinemas de todo o Brasil.

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