Espetáculo que marcou o circuito Off-Broadway chega ao Brasil com elenco diverso, trilha envolvente e reflexões profundas sobre juventude, fé e sexualidade.
No começo de abril deste ano, o público paulista ganhou a oportunidade de conferir um dos musicais mais impactantes dos últimos anos: “Bare – Uma Ópera Pop” que estreou no Marte Hall, em São Paulo, com uma proposta sensível e atual. Licenciado por meio de um acordo especial com a Theatrical Rights Worldwide, o espetáculo marca a primeira parceria entre a MoCa Produções e a Lumus Produções, reunindo música, emoção e questionamentos sobre temas universais como identidade, fé e os dilemas da juventude.
Sucesso Off-Broadway que marcou os palcos
Criado por Damon Intrabartolo e Jon Hartmere, o musical estreou originalmente em Los Angeles, no ano 2000. Em 2004, alcançou o status de cult após uma apresentação de destaque no circuito Off-Broadway, conhecido por permitir o surgimento de produções mais ousadas, intimistas e experimentais. Agora, essa obra que tocou corações e abriu diálogos chega ao Brasil em uma versão que preserva sua essência, mas busca também dialogar com o contexto local.
Um musical sobre identidade, fé e juventude
A trama gira em torno de Peter e Jason, dois adolescentes que vivem um romance secreto em um internato católico. Enquanto Peter está pronto para viver essa verdade, Jason se vê dividido entre seu amor e a necessidade de manter as aparências. Paralelamente, outros personagens enfrentam suas próprias batalhas emocionais, como Ivy, envolvida em triângulos afetivos, e Nádia, que lida com a exclusão social. O uso de metateatro, com os alunos ensaiando uma peça de Romeu e Julieta, intensifica a carga dramática e as metáforas do texto.
Direção foca na identificação com o público jovem
Com direção artística de Diego Montez, que também divide a produção com Gabi Camisotti e Luis Rodrigues, a montagem brasileira de “Bare” foi pensada para provocar identificação e inspirar o público jovem, ainda carente de narrativas que o representem honestamente. “A ideia é oferecer algo autêntico, que fortaleça a identificação e inspire essa nova geração de espectadores”, explica Montez. É um musical que não suaviza seus temas, mas os trata com humanidade e coragem.
A adaptação brasileira teve como principal desafio transformar a história, originalmente ambientada nos Estados Unidos dos anos 2000, em algo mais universal, sem perder o recorte histórico. Ainda que a trama se passe em um internato católico americano, os conflitos retratados — como o medo da rejeição, a descoberta da sexualidade, o silêncio imposto pela fé e a pressão social — continuam extremamente atuais e tocantes.
Elenco diverso e um forte time criativo
O elenco é formado por jovens talentos em ascensão, como Victor Galisteu (Jason), Andy Cruz (Peter), Belle Carceres (Ivy), Davi Fields (Matt) e Manu Gioielli (Nádia), entre outros, além da participação especial de veteranos como Helga Nemetik, Marcelo Góes e Lola Borges. As músicas, interpretadas ao vivo, recebem versões em português assinadas por Rafael Oliveira, com direção musical de Jorge de Godoy. A direção de arte, coreografias, figurinos e cenografia foram trabalhados por uma equipe que inclui nomes como Lu Galvão, Pugli, Vinicius Zampieri e Bruno dos Reis, garantindo uma estética impactante e coerente com o conteúdo emocional da obra.
Um espaço para reflexão e acolhimento
“Bare” retrata um momento delicado da juventude, enquanto convida o público a refletir sobre o papel da religião, da família, da escola e da sociedade na construção da identidade. “O que torna essa peça especial é justamente sua capacidade de abordar questões delicadas sem perder a humanidade. Bare provoca reflexões profundas, mas também traz acolhimento e identificação para quem assiste”, resume Montez.
Com direção ousada, trilha potente e uma mensagem urgente, a produção promete emocionar plateias brasileiras e ampliar o debate sobre empatia, representatividade e aceitação. Os ingressos já estão à venda no site oficial e na bilheteria do teatro.