O diretor Victor Rodenbach apresenta seu primeiro longa-metragem no Festival Cinema Francês do Brasil e comenta como experiências pessoais influenciaram a criação de Os Bastidores do Amor (Le Beau Rôle).
Victor Rodenbach esteve no Brasil para o Festival Cinema Francês do Brasil, onde apresentou ‘Os Bastidores do Amor’ (Le Beau Rôle), seu primeiro longa-metragem como diretor. Inspirado por sua vivência pessoal e pela relação próxima com o teatro, o cineasta constrói uma comédia romântica que reflete sobre parceria, desejo e escolhas afetivas, temas que atravessam sua fala ao longo da entrevista.
“Os Bastidores do Amor” é o seu primeiro longa. O que despertou o desejo de transformar essa história em seu início no cinema?
Victor – Acho que sempre é importante, no primeiro filme, falar de algo que a gente já conhece. No meu caso, sou muito próximo do cinema, é claro, mas também do teatro, porque sou apaixonado pelo teatro. Além disso, minha mulher é diretora de teatro e nós nos conhecemos ainda na escola, então estamos juntos há muito tempo. Acredito que toda comédia romântica tem que ser uma declaração de amor e, no meu caso, é uma declaração de amor ao teatro e ao cinema.
O roteiro fala muito sobre a parceria e a competição dentro de um relacionamento. Como você acha que isso se reflete em nosso mundo contemporâneo?
Victor – O teatro e o cinema são dois mundos que se misturam muito e onde estão muito presentes a vontade, o desejo, a competição, mas também muita ternura e muitos sentimentos humanos. É o olhar para o outro que te inspira, que vira o motor da relação, esse amor e essa ternura que movem tudo. No caso do Henry, ele é muito atraído pelo cinema, pelo brilho do cinema. Ele quer essa atração, ele quer vivenciar isso, mas no decorrer do filme vai entender quais são realmente os desejos dele e o que, de fato, conversa mais com quem ele é.

Como você enxerga a evolução do cinema francês internacionalmente? E como você acha que é o seu papel dentro disso?
Victor – É a primeira vez que estou aqui no Brasil e sempre foi um sonho de criança. Tentei não vir com muitas imagens na cabeça, sem expectativas e sem clichês. É um privilégio poder descobrir o Brasil e, principalmente, dessa forma, trazendo o filme e podendo me comunicar com o público brasileiro. Acho isso extremamente precioso, porque pra mim a comunicação é o mais importante na vida, mesmo sendo algo que pode ser muito difícil. Assim como o personagem vive esse percurso de diálogo no filme, para mim essa oportunidade de dialogar com o público brasileiro é muito importante. Acredito que essa questão é fundamental tanto no cinema quanto no teatro e sinto que isso está funcionando muito bem até agora.
Depois dessa estreia, que tipo de história você sonha em dirigir no futuro?
Victor– Eu tenho um projeto pro meu segundo filme de abordar mais a questão da família. A ideia é falar sobre filiação, sobre como você escolhe a sua família ou, em alguns casos, como você acaba sofrendo por causa dela.
Vale destacar que a entrevista com Victor foi realizada durante sua passagem pelo Brasil para o Festival Cinema Francês do Brasil, que reuniu nomes centrais do cinema francês contemporâneo em uma edição especial. Ao apresentar ‘Os Bastidores do Amor’ no país, o diretor estabelece um primeiro contato direto com o público brasileiro.