Filme combina animação e live-action para trazer uma nova perspectiva ao clássico infantil, celebrando a criatividade e diversão, apesar de algumas situações absurdas que exigem uma suspensão da lógica realista
Dentre diversos lançamentos de diversos gêneros, expectativas e preocupações envolvendo roteiro e desenvolvimento, um novo título apresenta a proposta de divertir o público, sem muitas explicações complexas. “Harold e o Lápis Mágico” é uma fusão de animação e live-action que traz à vida o clássico infantil de Crockett Johnson, sob a direção habilidosa de Carlos Saldanha. O diretor é famoso, sobretudo, pelo seu trabalho em sucessos como a franquia ‘Rio‘, ‘A Era do Gelo‘ e a série ‘Cidade Invisível‘. Apesar da história já ter sido alvo de outras adaptações em outros formatos, Saldanha tenta trazê-la com uma roupagem totalmente nova.
Uma Aventura de Criatividade e Caos
Estrelado por Zachary Levi, Lil Rel Howery e Zooey Deschanel, o filme apresenta a história de Harold, um garoto que possui o incrível poder de desenhar seu próprio mundo e, com isso, escapar de situações complicadas. O personagem, vivido por Levi, descobre, ao transitar das páginas do livro para o mundo real, que a vida fora da imaginação é cheia de lições inesperadas. Seu lápis de cera roxo, que antes era sua ferramenta de criação, agora também é um meio para se envolver em problemas, resultando em situações tão hilárias quanto inesperadas. Quando seu ilimitado poder cai em mãos erradas, Harold, junto de seus amigos, precisa usar toda a sua imaginação para salvar tanto o mundo real quanto o seu próprio.
Aceitando o absurdo em nome da diversão
Antes de mais nada, importante reforçar o que foi dito no início do texto: a ideia do filme é apenas divertir o público sem a necessidade de explicações complexas. Para que isso aconteça, essa ideia precisa ser reforçada a cada meia hora, exigindo que o espectador ignore várias situações que, em um contexto mais realista, soariam absurdas. Por exemplo, uma mãe solteira permitir que dois rapazes estranhos entrem em sua casa, convivendo com seus filhos, ou deixar uma criança sozinha por tanto tempo com alguém que claramente se comporta de maneira incomum. Talvez seja justamente essa nossa preocupação com as consequências do mundo real que torne alguns elementos do filme mais difíceis de aceitar. No entanto, ele nos convida a colocar essa lógica de lado em nome da inocência e da diversão. Afinal, estamos falando de um giz de cera que dá vida aos objetos!
Celebração da liberdade criativa
Esta é a primeira vez que a amada série de livros de Johnson, iniciada em 1955, ganha uma adaptação cinematográfica, embora tenha sido alvo de outras versões em curtas-metragens e em uma série animada da HBO narrada por Sharon Stone. Harold e seu lápis buscam encontrar seu lugar como uma celebração da imaginação infantil em sua forma mais pura, explorando temas que tocam tanto crianças quanto com adultos. Embora tenha um público-alvo claramente definido, o filme oferece uma perspectiva nostálgica sobre a criatividade e a liberdade, algo que muitas vezes se perde com o passar do tempo. A dualidade entre a simplicidade da narrativa e a profundidade de sua mensagem é um dos grandes trunfos do filme.
O Charme Sutil da Produção
Apesar de ser uma produção que poderia facilmente ter sido lançada como uma animação de orçamento modesto pela Sony, o filme merece reconhecimento por sua abordagem singular e por nos lembrar que a criatividade é uma ferramenta poderosa, capaz de transformar o mundo ao nosso redor. Em uma era em que efeitos especiais grandiosos dominam as telonas, esta obra se destaca justamente pelo seu charme sutil. Os efeitos, longe de serem excessivos ou cansativos, tornam-se um dos elementos mais divertidos ao longo do filme, contribuindo para uma experiência leve.
Aventura, imaginação e diversão em família
Em meio a tantas opções nos catálogos de streaming, “Harold e o Lápis Mágico” oferece uma oportunidade de reunir a família, resgatando aquela essência nostálgica de ‘Sessão da Tarde’. No fim das contas, é exatamente isso que o filme entrega: um entretenimento acessível, que dentro de 1 hora e meia, nos faz voltar a acreditar no poder da imaginação, em um mundo onde tudo parece possível com apenas um lápis mágico. Talvez seja necessário reforçar com suas crianças que, na realidade, é importante não dar tanta atenção a estranhos que falam de lápis mágicos ou permitir que essas pessoas entrem em suas casas, mesmo que pareçam precisar de ajuda. Mas, durante o filme, apenas se divirtam.