Foto: Divulgação
Nos primeiros segundos do filme, somos alertados sobre gatilhos relacionados à gravidez, sensibilizando especialmente as mães que enfrentam a difícil decisão de interrupção da gestação por motivos diversos. O aborto é um tema delicado no Brasil e em várias partes do mundo, gerando debates intensos, muitas vezes moldados por influências religiosas e sociais.
Nesse contexto desafiador, surge o documentário Incompatível com a Vida , uma obra que se apresenta como um retrato poético e autêntico desse tema delicado. O filme mergulha nas experiências das mães das crianças em questão, oferecendo uma visão crua e comovente sobre a interrupção da gravidez em casos de incompatibilidade com a vida. Destaca a importância de permitir que as mães tenham o poder de decisão sobre seus corpos e destinos, enquanto nos lembramos da dificuldade dessas decisões pessoais. A obra não apenas informa, mas também busca criar empatia e compreensão sobre um assunto tão complexo.
O documentário nasceu da experiência pessoal da diretora Eliza Capai, que decidiu registrar a jornada de um casal grávido em 2020, em meio à pandemia. Tudo parecia bem até o diagnóstico devastador: o bebê esperava uma malformação incompatível com a vida, tornando o aborto uma dolorosa opção. O filme acompanha a busca de Eliza por uma interrupção legal em outro país, mostrando uma visão que pode abrir mentes mais conservadoras. Emociona e instiga a reflexão sobre a maternidade em situações extremas.
No Brasil, a interrupção de uma gravidez de um feto incompatível com a vida é considerada inconstitucional. O documentário mergulha nessa realidade desafiadora, dando voz a mulheres que enfrentam esse dilema e reunindo uma variedade de perspectivas e vivências. Por meio de depoimentos comoventes, o filme expõe a diversidade de experiências dessas mães, humanizando as histórias por trás das estatísticas e oferecendo uma visão profunda sobre a maternidade diante de situações extremamente específicas.
Engana-se quem pensa que o documentário foi criado apenas para mostrar um só ponto de vista. Incompatível com a Vida destaca também, histórias de mães que, mesmo diante do diagnóstico de incompatibilidade com a vida, optaram por permitir o nascimento de seus bebês, desafiando estereótipos e explorando a complexidade das escolhas que as mulheres enfrentam. O filme confronta o público com imagens impactantes, desde os momentos dolorosos em que as mães percebem que seus filhos não estão mais vivos até os relatos comoventes do dia em que tiveram que lidar com essa realidade devastadora.
Em resumo, Incompatível com a Vida transcende seu papel como documentário ao desafiar normas e estigmas sociais, transformando-se em uma poderosa obra de arte social. O filme oferece uma visão honesta e comovente sobre um tema delicado, convidando todos nós a nos conectarmos com uma profunda experiência de maternidade em situações específicas. É evidente o motivo pelo qual o filme foi ovacionado pelo público em pré-estreia e qualificado para o Oscar 2024. Sua estreia nos cinemas em 16 de novembro não é apenas um evento cinematográfico; é uma oportunidade para a sociedade confrontar suas próprias opiniões e abraçar a humanidade toda com sua diversidade e complexidade.