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Madame Durocher: As estrelas Jeanne Boudier e Marie-Josée Croze revelam detalhes sobre a produção franco-brasileira

O Festival Varilux de Cinema Francês já começou, trazendo filmes incríveis e a presença de artistas para promover seus títulos. Tivemos a honra de entrevistar alguns deles, compartilhando com o público um pouco mais sobre suas obras e experiências.

Qual é o preço de se fazer história? Quanta coragem alguém precisa ter para seguir seus sonhos sem se importar com a opinião alheia? Se estas perguntas são intrigantes hoje em dia, no mundo contemporâneo, imagine o peso que elas devem ter no Rio de Janeiro do século XIX?

Pois é, mas enfrentando tudo e todos, Marie Josephine Mathilde Durocher se tornou a primeira (e única, até então) mulher a se formar no curso de Partos da Academia Imperial de Medicina do Brasil. Apenas 55 anos mais tarde outra mulher fora admitida pela instituição: Marie Curie. Além disso, a admissão da cientista foi simbólica, apenas para homenagear sua visita ao Brasil em 1926.

Mas como uma figura tão histórica quanto Marie J M Durocher, uma pioneira da medicina brasileira, cai no esquecimento coletivo? É isso que o longa Madame Durocher tenta responder.

Dirigido por Andradina Azevedo e Dida Andrade, o longa dá detalhes sobre a vida desta fascinante personalidade histórica. Desde sua adolescência até vida adulta, passeando pelos relacionamentos com sua mãe, marido, filho, amigos e colegas de profissão.

Tivemos a oportunidade de conversar com duas estrelas do longa, Jeanne Boudier, que interpreta Madame Durocher durante seus anos iniciais como parteira, e Marie-Josée Croze, que dá vida a Marie, mãe de Durocher. No papo, conversamos sobre os desafios da atuação em dois idiomas (português e francês), a diversidade do elenco, e a preparação para interpretar personagens tão fortes. Confira:

O que chamou a atenção de vocês no roteiro e fez com que quisessem aceitar o papel?

Marie: Eu achei o roteiro interessante porque contava a história do destino trágico de várias mulheres. Além disso, era uma história que eu nunca tinha ouvido falar. Eu não conhecia Madame Durocher e ví que tinham poucas coisas sobre ela na internet. Mas o que me fez aceitar foi a mistura de um roteiro clássico com diretores que possuem uma carreira cinematográfica bastante moderna, que caminha para a modernidade.
Jeanne: Eu achei a história muito especial, muito importante, muito bonita! É uma sorte poder fazer uma personagem que existiu de verdade. Acho que é um presente.

A Anne é uma personagem independente, que desafia as regras da época em que vive. Como foi para você, Marie, trabalhar em uma personagem histórica, porém através dessa lente mais contemporânea?

Marie: Ela foge de uma vida em Paris e não sabemos exatamente o porquê. Ela se reinventa em um país desafiador, que ela não conhece. Claro, ela é sim bastante independente, porém, ela ainda depende da ajuda de seu amante, a quem ela não ama. Isso é uma forma de “ceder”, então ela não é 100% heroína: Ela era uma mulher, era força, mas também era fraqueza. Acho que quando ela ficava repetindo várias vezes o orgulho que sentia, e como era importante ser uma mulher sozinha, que vinha de gerações de mulheres sozinhas, isso era um mantra para ela convencer a si mesma de que sua vida era maravilhosa. Mas, no fim, ela parece se arrepender um pouco disso, porque ela fala de um amor que ela nunca tinha falado antes, entre homem e mulher. Anne é uma nuance, ela não é uma super-heroína.

Marie, no filme “O Escafandro e a Borboleta” (2007) a sua personagem, Henriette, ajuda Bauby a recuperar sua independência. Em Madame Durocher, a personagem Anne ajuda a filha a encontrar o seu próprio caminho. De onde você tira inspiração para dar vida a personagens assim tão fortes?

Marie: Tanto Henriette quanto Anne são, elas mesmas, treinadoras de mulheres assim. São mulheres que querem ensinar, ajudar, e que têm uma grande generosidade para compartilhar sua força. Tem muita gente que é assim, muitas mulheres que são assim, a inspiração vem daí. Eu mesma sou assim e tem gente que não gosta disso, porque eu me imponho quando necessário. Para mim o mais difícil é interpretar alguém submissa.

Como foi a preparação para os diálogos em Português? Teve alguma palavra que você achou mais difícil de aprender?

Marie: Todas as palavras eram difíceis! [risos] Eu trabalhei com o Antônio, que é genial, mas todo mundo teve que aprender algum idioma: os franceses aprenderam o português, e os brasileiros aprenderam o francês. Foi um desafio, mas os brasileiros foram muito gentis comigo. Eu tinha medo de não conseguir fazer jus ao idioma, porque não fazia ideia de como era. O português é uma língua que canta, não fazia muito sentido para mim, mas é um idioma muito belo e quando ele é belo, ajuda a gente a aprender melhor.

O que vocês levam com vocês da experiência de participar deste filme?

Marie: Para mim, foi ter me exercitado tanto. Eu corria muito, até ficar exausta. E eu não sabia porquê fazia isso, mas quando eu assisti o filme… a energia… ela está lá porque eu corri muito. Não sei porquê, mas eu descia para a academia e corria até a hora de tomar banho e ir para o trabalho. O trabalho corporal é super importante, porque é dele que vem a energia, e a coisa mais importante no cinema é a energia liberada. A vibração, no caso. É isso que o cinema quer e que a câmera procura. Eu percebi também na interpretação do Mateus Solano essa coisa da energia em cena.
Jeanne: Claro que a resposta óbvia seria a história, falar da Madame Durocher, que ninguém conhece, e apresentar sua história ao mundo. Mas eu acho que o mais marcante para mim nesse filme, eu não sei porquê, foi a relação com o marido dela. Ela segue o conselho da mãe, de amar, só que é muito curto e isso fica comigo depois, durante o filme todo, nunca vai embora. Quando você ama dessa forma uma vez, depois a vida não tem mais sentido. A pessoa fica ali. Mesmo sendo uma parte muito curta do filme, para mim, é muito importante porque tem a ver com o que a mãe dela fala.

A entrevista se encerra em um momento emocionante, onde Marie consola Jeanne, que chora ao lembrar de certas cenas: “É prova de que você sentiu emoções reais” comenta Croze. As atrizes então dão alguns insights muito interessantes sobre o destino de alguns personagens, que não serão compartilhados aqui para evitar spoilers.

@capivaraalternativa

A fascinante história de Madame Durocher e a grandiosidade do cinema francês iluminaram o Festival Varilux deste ano! Entre várias entrevistas, tivemos também o privilégio de conversar com Jeanne Boudier e Marie-Josée, estrelas do longa sobre a primeira mulher formada no curso de Partos da Academia Imperial de Medicina do Brasil. Foram momentos emocionantes que nos conectaram ainda mais com essa incrível narrativa histórica. Além disso, celebramos a diversidade cultural com grandes títulos como “O Conde de Monte Cristo”, “O Bolero de Ravel”, “O Sucessor”, “ Apenas Alguns Dias” e muitos outros títulos. JJá deu saudade, mas seguimos ansiosos por mais cinema! Até 2025, Festival Varilux! 🎬✨ #FestivalVarilux #MadameDurocher #CinemaFrancês @Festival Varilux

♬ som original – Capivara Alternativa
O que achamos do filme?

Inicialmente, Madame Durocher tem uma vibe lúdica que lembra um pouco o doce ‘Sra. Harris Vai a Paris‘ (2022). Porém, à medida em que o forte preconceito e as tragédias vão se instaurando na vida da personagem-título, os longas se distanciam completamente. A narrativa de Madame Durocher é bem trabalhada e tem um ritmo interessante na maior parte do tempo (exceto no meio, quando corre um pouco demais). Fora isso, algumas inconsistências são percebidas tanto no sotaque de certos personagens, quanto em sua caracterização, durante a passagem de tempo.

Tudo isso, no entanto, se dissolve diante da originalidade do tema central do roteiro. Somos apresentados à uma faceta pouco explorada do Brasil no século XIX: a dos imigrantes estrangeiros. O mais genial de tudo em Madame Durocher é que, mesmo tendo uma personagem-título, o filme dá igual protagonismo à questões que eram importantes naquela época e que ainda são até hoje, como o machismo, o racismo, e a escravidão.

Esse olhar mais contemporâneo faz jus à história de Durocher e finalmente lhe coloca no protagonismo devido. Ao assistir o filme, é impossível não se perguntar porquê uma figura tão importante foi quase que esquecida dos livros de História. Fazendo essa pergunta, nos indagamos também sobre a negligência de atenção a outras personalidades históricas ao redor dela, como seu mentor Dr. Joaquim, um dos fundadores da Academia Imperial de Medicina.

Dentre os brasileiros que fazem parte do elenco, Isabel Fillardis (Clara), André Ramiro (Dr. Joaquim), e Mateus Solano (Dr. Hermínio) são grandes destaques. Madame Durocher é um filme para pensar, refletir, e inspirar as novas gerações a quererem um futuro diferente.

O filme chega ao Brasil por meio do Festival Varilux de Cinema Francês, que apresenta uma seleção rica e diversificada de produções cinematográficas francesas contemporâneas. Confira a programação.

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