Thriller brasileiro “O Agente Secreto”, ambientado em 1977 concorre à Palma de Ouro no prestigiado Festival de Cannes.
O cinema brasileiro volta aos holofotes internacionais. “O Agente Secreto“, novo filme de Kleber Mendonça Filho, terá sua estreia mundial na Competição Oficial do Festival de Cannes 2025. Estrelado por Wagner Moura, o longa disputa a cobiçada Palma de Ouro.
Mas essa não é a primeira vez que o diretor pisa no tapete vermelho da Croisette. Em 2016, Aquarius encantou a crítica. Três anos depois, “Bacurau” dividiu o prêmio do Júri. Agora, Kleber Mendonça retorna com um thriller político repleto de mistério e ambientado no Brasil dos anos 1970.
Recife como cenário e personagem
No longa, Moura interpreta Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna a Recife fugindo de um passado enigmático. Entretanto, a cidade não é o abrigo tranquilo que ele imaginava.
Porém, o diretor não queria apenas contar uma história de suspense. Ele quis revisitar sua infância e filmar o Brasil de 1977 com o olhar de hoje. “Era um país muito diferente, mas, de certa forma, também muito parecido com o de agora”, diz Kleber Mendonça .
Essa é a primeira colaboração entre Kleber Mendonça e Wagner Moura. Mas o encontro já era desejado há anos. “Filmar com Kleber Mendonça era uma obsessão desde que vi ‘O Som ao Redor‘”, afirma o ator, que vive atualmente em Londres. O diretor escreveu o roteiro ao longo de três anos especialmente para Wagner Moura. “Foi um grande trabalho de criação e colaboração”, completa Kleber Mendonça .

“O Agente Secreto” / Reprodução
Uma estreia que fecha ciclos e abre caminhos
As filmagens ocorreram em Recife, Brasília e São Paulo, entre junho e agosto de 2024. Mas a trajetória de “O Agente Secreto” em Cannes carrega um simbolismo: há exatos 20 anos, Kleber Mendonça estreava no festival com o curta “Vinil Verde“.
Desde então, passou de crítico de cinema a um dos cineastas brasileiros mais respeitados da atualidade. Agora, retorna com uma produção internacional — coproduzida por Brasil, França, Alemanha e Holanda — e com distribuição da Vitrine Filmes no país.
“Quero que as pessoas vejam o filme no exterior e no Brasil. É uma história muito brasileira e, por isso mesmo, é um filme do mundo todo”, resume Kleber Mendonça .
Mas o filme ainda está em fase final de pós-produção. A estreia em Cannes, entre 13 e 24 de maio, será o primeiro contato do público com essa obra que mistura memória, tensão política e o suspense de um Brasil real — porém ficcional — de 50 anos atrás.