Retrospectiva gratuita na CAIXA Cultural celebra os 105 anos do mestre do stop-motion com Ray Harryhausen, clássicos, oficinas e debates sobre sua influência no cinema moderno.
Por mais que a computação gráfica tenha dominado o cinema atual, é impossível entender o poder dos efeitos visuais sem voltar a Ray Harryhausen. O artista norte-americano, que completaria 105 anos em 2025, redefiniu o que o público entendia por fantasia em movimento. Agora, sua obra ganha uma homenagem à altura: a mostra “Ray Harryhausen – O Mestre do Cinema Stop-Motion”, que acontece na CAIXA Cultural Rio de Janeiro de 7 a 19 de outubro, com entrada gratuita.
Ao todo, são 24 títulos entre longas, curtas e documentários, além de debates, oficinas e uma masterclass sobre o legado técnico e narrativo do cineasta. A curadoria é de Alexandre Juruena e Breno Lira Gomes, que descrevem o evento como “uma oportunidade rara de revisitar o cinema em seu estado mais artesanal, quando a imaginação ainda moldava o impossível com as próprias mãos”.
Entre os destaques da programação estão “Jasão e os Argonautas” (1963), “Fúria de Titãs” (1981) , seu último trabalho, e “A Invasão dos Discos Voadores” (1956). Os filmes serão exibidos em cópias restauradas, e a sessão de “Fúria de Titãs” contará com legenda descritiva, ampliando o acesso ao público.
Mas a mostra não se limita à nostalgia. Ela também abre espaço para novas gerações de animadores. Um dos exemplos é o curta brasileiro “O Discurso de Txai Suruí”, vencedor do The Ray Harryhausen Awards 2023, feito por estudantes da Escola Parque do Rio de Janeiro. A produção integra a programação e simboliza o diálogo entre o legado de Harryhausen e os criadores do futuro.
Reconhecido por dar vida a monstros mitológicos, dinossauros e criaturas lendárias, Harryhausen inspirou nomes como George Lucas, Steven Spielberg, Tim Burton e Guillermo Del Toro. Sua técnica de stop-motion combinada com live-action, batizada de Dynamation, transformou o modo como o cinema retratava o fantástico.

Crédito: divulgação Fundação Ray & Diana Harryhausen
Em depoimento, Vanessa Harryhausen, filha do artista, reforça a mensagem que o pai transmitia aos jovens criadores: “Você não pode simplesmente produzir algo e de repente ser um Michelangelo. É preciso esforço, prática e imaginação. Essa mostra é sobre isso, sobre o caminho da criação.”
Além das exibições, o evento contará com a masterclass “A Artesania do Extraordinário”, ministrada por Eduardo Reginato, e com sessões comentadas, como a de “Simbad e o Olho do Tigre” com o crítico Rodrigo Fonseca. Já as crianças e os curiosos poderão participar de oficinas práticas, criando suas próprias criaturas mitológicas inspiradas nas técnicas do mestre.
Por fim, a retrospectiva também recupera o início de tudo: aos cinco anos, Harryhausen foi levado pelos pais para assistir “O Mundo Perdido” (1925) e, mais tarde, ao ver “King Kong” (1933), decidiu dedicar a vida ao cinema. Quase um século depois, o encantamento que o moveu ainda pulsa em cada frame animado à mão.
A mostra é uma realização da Festivarte, com coprodução da BLG Entretenimento, apoio da Fundação Ray & Diana Harryhausen, e patrocínio da CAIXA e do Governo Federal.