4ª edição reúne 123 artistas de sete países para celebrar sexualidade e dissidências LGBT+ com mais de 150 obras à venda
O Festival Vórtice chegou com tudo em sua 4ª edição, ocupando o Espaço República desde o dia 31 de maio, sábado, a partir das 14h. Reunindo obras de 123 artistas de sete países (Brasil, Estados Unidos, Rússia, Espanha, Argentina, México e Itália), 111 deles inéditos, o evento se firma como espaço de celebração e resistência. A curadoria, assinada por Leonardo Maciel e Paulo Cibella, segue firme no propósito que impulsionou o projeto desde o começo. O festival busca dar visibilidade a obras que, muitas vezes, sofrem censura ou enfrentam resistência em outros espaços, seja por suas abordagens explícitas, seja por seus temas desafiadores.

Ingressos e acesso
O público pode visitar o festival gratuitamente ao doar 1kg de alimento, que será repassado a instituições de acolhimento LGBT+. Os ingressos estão disponíveis pela plataforma Sympla. Para quem não quiser doar, é possível comprar um ingresso no valor de R$ 15. Nas sextas-feiras, a mostra também abre as portas para grupos naturistas, mediante compra de ingresso a R$ 30.
Obras e experiências diversas
O Festival Vórtice oferece ao público um panorama artístico vasto: pintura, escultura, fotografia, ilustração, gravura, cinema, videoarte, publicações e performances. Todas as obras estão à venda na galeria online do Vórtice Cultural, com valores que vão de R$ 300 a R$ 85.000. Publicações acessíveis a partir de R$ 50 completam o cardápio para quem quer levar um pedacinho dessa experiência para casa.
Para esta edição, o festival estreia o projeto Voz Desnuda. Por meio de um QR Code disponível no local, o público poderá ouvir áudios dos artistas falando de seus processos criativos e das sensações que movem cada obra.

Artistas em destaque
Entre os nomes que chamam atenção na 4ª edição, está o artista multimídia e ativista exilado Slava Mogutin (Rússia). Ele desafia normas e discute sexualidade, identidade e dissidência queer em fotografia, performance e literatura. Também marcam presença Marcelo Caetano (MG), diretor de “Baby” (2024), premiado 28 vezes e exibido em mais de 80 festivais, incluindo a Semana da Crítica em Cannes, e Fernando Carpaneda (DF), pioneiro na abordagem de temas homoeróticos nas artes plásticas e com obras já leiloadas na Sotheby’s, além de reconhecimento no The Arkell Museum (Nova York).
Rafael Mesquita (Brasil) traz trabalhos que falam de identidade, emoções e vivências LGBT+ de forma expressiva e íntima. Pietro Spirito (Itália) cria esculturas antropomórficas com humor e provocação. Já Sidney Amaral (SP – 1973–2017) discutiu questões raciais, sociais e históricas do Brasil em obras densas e provocativas.
Outros nomes que integram essa edição são Fernanda d’Boer (SP), que investiga formas do corpo feminino na cerâmica esmaltada; Shirley Prado (SP), fotógrafa que constrói imagens ricas em camadas e nuances; Wasabi (SP), artista nipo-brasileira que traz histórias em quadrinhos cheias de potência; e Marina Luísa (MA), que mistura analógico e digital com humor, crítica e emoção. Para saber mais sobre cada artista, o festival disponibiliza uma minibio de todos os participantes aqui.

A força da arte e da resistência
“O Festival Vórtice nasceu do nosso desejo de criar um espaço de celebração e resistência, onde a arte erótica possa ser expressa sem medo ou censura. Acreditamos no poder transformador da arte e na importância de dar visibilidade a vozes diversas. Ao longo dos anos, tivemos a honra de apresentar obras que desafiam normas e promovem o diálogo sobre identidade e liberdade. Os desafios são muitos, mas cada passo dado é uma vitória para a nossa missão de fortalecer o ecossistema cultural e promover a inclusão. Estamos ansiosos para continuar essa jornada e tocar ainda mais pessoas”, diz Leonardo Maciel, um dos idealizadores do festival.

Programação paralela com oficinas
Além da mostra, o Festival Vórtice oferece uma programação paralela robusta. Artistas poderão participar de oficinas online que abordam temas como montagem de portfólio, estratégias para participar de editais, precificação de obras e dicas para criar exposições individuais. Aos finais de semana, acontecem rodas de conversa sobre temas que impactam diretamente a comunidade LGBT+, como a redução de danos em práticas sexuais fetichistas, incluindo chemsex, bareback e fisting.
Cena erótica brasileira no mundo
“Desde o final de 2024, iniciamos uma ação de campo voltada à internacionalização de artistas, com visitas a galerias, instituições, feiras, ateliês e colecionadores ao redor do mundo. A arte erótica brasileira precisa ser mais conhecida fora do país — e nossos talentos, mais valorizados. Por aqui, isso ainda é um desafio, diante do conservadorismo do mercado e das estruturas institucionais. Ao longo de três anos de projeto, já analisamos mais de mil portfólios, provando que não se trata de um nicho isolado, mas de uma verdadeira legião de artistas potentes, que merecem ser descobertos e acompanhados com seriedade. Com a 4ª edição do nosso Festival, serão mais de 300 artistas que exploram poéticas da sexualidade participando de nossas exposições. Nosso objetivo é levar esse movimento ao mundo — e garantir que ele também tenha visibilidade no Brasil”, afirma o curador Paulo Cibella.

Parcerias e cenário cultural
A 4ª edição conta com o patrocínio da ONG Impulse SP e apoio do Espaço República, FCK Party, KY Ultra e Clube Pantera. O evento também integra a programação paralela da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo.
O Espaço República, que sedia o festival, se destaca por ser um ambiente que celebra a diversidade e o intercâmbio cultural, funcionando 24 horas com ateliês coletivos e privativos. “Acredito que a criação de espaços dedicados à arte e à criatividade não apenas fomenta novas oportunidades e diálogos, mas também inspira encontros inesperados, experimentações e a construção de uma cena cultural mais vibrante e acessível”, conclui Philip Philip Haji-Touma, gestor do espaço.
Em resumo, a 4ª edição do Festival Vórtice segue firme como um território de liberdade e provocação, que valoriza o poder da arte para mexer com corpos, mentes e corações. O evento vem para mostrar que a diversidade precisa, mais do que nunca, ocupar todos os espaços.