O festival, que acontece em julho, celebra o artista multifacetado
Um dos maiores ícones da cultura brasileira, Ney Matogrosso, será o homenageado nacional do 32º Festival de Cinema de Vitória, que rola de 19 a 24 de julho, no Espírito Santo. Além de brilhar como cantor, Ney deixou sua marca no cinema, no teatro e na música brasileira. Para celebrar toda essa trajetória, o artista vai receber o Troféu Vitória e o Caderno do Homenageado, uma publicação biográfica inédita que mergulha em sua vida e carreira.
50 anos de carreira solo
Este ano marca os 50 anos de carreira solo de Ney Matogrosso. Cantor, compositor, dançarino, ator, iluminador e diretor, ele ganhou o Brasil em 1973 com o Secos & Molhados. Hits como “Sangue Latino” e “Rosa de Hiroshima” colocaram o grupo no topo das paradas. Depois, Ney seguiu solo e lançou o álbum “Água do Céu – Pássaro” (1975), abrindo caminho para uma carreira ousada, repleta de canções marcantes como “Seu Tipo“, “Tanto Amar“, “Bandido Corazón” (presente de Rita Lee), “Pro Dia Nascer Feliz” (foi o primeiro a gravar uma música de Cazuza) e o forró “Homem com H“, que virou um dos seus grandes sucessos e nomeou o filme lançado em maio de 2025.

Cinema e experimentação
Reconhecido por sua voz única e talento cênico, Ney Matogrosso também construiu uma carreira de destaque no audiovisual. Ele começou em 1987, no clássico “Sonho de Valsa“, de Ana Carolina, e desde então atuou em quase 20 filmes, entre curtas e longas-metragens.
O trabalho de Ney no cinema tem uma pegada autoral e experimental. Ele brilhou em filmes como “Sol Alegria” (2018), de Tavinho Teixeira; “Primeiro Dia de um Ano Qualquer” (2013), de Domingos de Oliveira; e “Gosto de Fel” (2012), de Beto Besant. Em “Depois de Tudo” (2008), de Rafael Saar, Ney vive um dos papéis mais sensíveis de sua carreira, interpretando ao lado de Nildo Parente um casal que mantém sua sexualidade em sigilo.
Outro papel marcante surgiu em “Luz nas Trevas — A Volta do Bandido da Luz Vermelha” (2010), dirigido por Helena Ignez. Ney interpretou o personagem-título, criando a partir desse filme uma parceria com a diretora. Eles trabalharam juntos em várias produções, como “Poder dos Afetos” (2013), “Ralé” (2015) e “A Alegria é a Prova dos Nove” (2023).
Nos bastidores do teatro e da música
Ney Matogrosso também se destacou como diretor teatral. Nos anos 1980, comandou “Estrela de Cinco Pontas“, com o Grupo Hombu e Bia Bedran. Em 1999, dividiu com Cininha de Paula a direção do musical “Somos Irmãs“, que contou a história das cantoras Linda e Dircinha Batista, vividas por Suely Franco e Nicette Bruno. Em 2010, voltou à cena como diretor do solo “Dentro da Noite“, estrelado pelo amigo Marcus Alvisi, baseado em contos de João do Rio.
Além disso, Ney iluminou e dirigiu alguns dos maiores espetáculos musicais do país. Na década de 1980, foi o nome por trás de dois shows antológicos. Em 1986, dirigiu “Rádio Pirata“, do RPM, que arrastou multidões e virou um álbum ao vivo histórico, com três milhões de cópias vendidas. Em 1988, assinou a direção do show “Ideologia“, de Cazuza, que gerou o disco “O Tempo Não Para” (1999), registro final do cantor carioca nos palcos.

32º Festival de Cinema de Vitória
De 19 a 24 de julho, o 32º Festival de Cinema de Vitória vai apresentar a nova safra do audiovisual brasileiro. Além das mostras competitivas, o público vai conferir sessões especiais, debates, formações e homenagens que vão transformar Vitória na capital do cinema durante esses dias. Toda a programação é gratuita.
O festival conta com o patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura. Além disso, tem o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta e da Carla Buaiz Jóias. A realização fica por conta da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.
A homenagem a Ney Matogrosso no Festival de Cinema de Vitória não poderia acontecer em momento mais oportuno: afinal, esse artista múltiplo continua surpreendendo e inspirando gerações com seu talento único e ousadia criativa.