YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ narra a história verídica de um reencontro entre um pai indígena e suas filhas após 40 anos de separação durante a ditadura militar.
Comemorado em festivais e pela crítica, YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ tem se destacado como um marco do cinema indígena contemporâneo. O documentário mostra a história triste de Sueli Maxakali e Luiz Kaiowá, que são pai e filha. Eles ficaram cerca de 40 anos afastados pela ditadura militar. A história contada por Sueli, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna expõe a violência que essa família sofreu.

Opressão e Separação
Luiz Kaiowá, indígena Guarani Kaiowá, deixou o território tradicional de Ka’aguyrusu, em Mato Grosso do Sul, no início dos anos 60, junto de outros parentes. Após passarem por São Paulo e Rio de Janeiro, foram levados à força até Minas Gerais por agentes da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Luiz viveu mais de 15 anos entre os Tikmũ’ũn (Maxakali), onde teve duas filhas: Maiza e Sueli. Luiz foi levado de volta para o Mato Grosso do Sul quando Sueli tinha apenas dois meses e nunca mais retornou.
Apesar disso, hoje, Sueli Maxakali é doutora em Letras: estudos literários (Notório saber) pela UFMG, cineasta e professora. Sendo multiartista, já produziu longas e curtas-metragens e publicou um livro de fotografias chamado Koxuk Xop Imagem em 2009. No entanto, dez anos mais tarde, em fevereiro de 2019, Sueli e Maiza enviam uma vídeo-carta para seu pai, Luiz.
Apesar da surpresa, somente três anos mais tarde, em 2022, uma equipe Maxakali conseguiu cruzar os mais de 1800 km que separam a Aldeia-Escola-Floresta, em Minas Gerais, das Terras Indígenas Panambi-Lagoa Rica, Panambizinho e Laranjeira Ñanderu, no Mato Grosso do Sul, em busca do paradeiro de Luiz, atualmente um dos mais importantes xamãs de sua tribo.
Reencontro e Início de Produção
Antes da produção começar, a família trocou vários textos, ligações e vídeos.
“Foi muito emocionante, eu chorei muito. Eu queria mostrar a verdade. Não é só um filme. São nossos encantados, nossos rituais, que dão a força para chegar até aqui”, conta Sueli em entrevista ao portal Feito por Elas.
A diretora Luisa Lanna também expressa a felicidade e conta da riqueza existente no longa
“O filme se contenta com as versões, que são muito mais ricas do que qualquer tentativa frustrada de reconstituir os fatos. O espectador aprende a ver o filme enquanto assiste – um aprendizado que se dá pela escuta, pela duração dos planos, pelas formas de elaboração da palavra”.
Dessa forma, o longa apresenta os costumes tradicionais desses povos, assim como as batalhas que enfrentam em defesa de seus territórios e modos de vida. As pesquisas e as filmagens ocorreram também nos domínios das duas comunidades, envolvendo a colaboração de outros cineastas indígenas, além da dupla Sueli e Isael, como Alexandre Maxakali, que atuou na área da fotografia, e as realizadoras Michele e Daniela Kaiowá, responsáveis pela direção assistente e pela fotografia em parceria com seu povo.

Lançamento nos Cinemas, Reviver para não Esquecer
YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ conta a busca de Sueli e Maísa Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil. O filme acompanha a jornada da cineasta para reencontrar o pai, bem como as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ’ũn e Kaiowá.
Por fim, o filme estreia no dia 10 de julho e é distribuído pela Embaúba Filmes.