O que nos torna humanos? Sophie Thatcher e Jack Qaid brilham em um terror sci-fi aterrorizante e inesperadamente divertido
Um fim de semana entre amigos em uma casa luxuosa ganha contornos inesperados quando um robô acompanhante descobre não ser humana. Esse é o ponto de partida de Acompanhante Perfeita, terror sci-fi dirigido por Drew Hancock, que instiga questionamentos sobre relações tóxicas, para prender o espectador. Com 1h37min de duração, o longa conta com Sophie Thatcher (Yellowjackets, Herege) no papel principal, além de Jack Quaid (The Boys), Lukas Gage, Megan Suri, Harvey Guillén e Rupert Friend.
Um suspense que se reconstrói
Desde os primeiros minutos, o filme apresenta uma introdução que se desenrola como um mistério clássico, questionando “por que ela o matou?” e, ao final, ressignificando completamente essa citação. A narrativa constrói um jogo interessante com o público, utilizando a previsibilidade do gênero como ferramenta para entregar reviravoltas inesperadas.
Ao invés de se limitar a explorar a ameaça da inteligência artificial como um risco físico, o longa investe em um terror existencial. Em diversos momentos, a história provoca desconforto ao escancarar dinâmicas machistas e comportamentos abusivos, levando o público a refletir sobre o que realmente define a humanidade. Ele se encarrega de abordar questões como manipulação emocional, abuso psicológico e os limites entre conexão e controle.
Infelizmente, a campanha de marketing pode ter prejudicado a experiência ao revelar muitos detalhes nos trailers. Para quem ainda não assistiu, sem dúvidas, a melhor maneira se envolver com a trama é evitar qualquer material promocional e entrar de cabeça no desconhecido. O impacto da história é muito maior quando o espectador se permite ser surpreendido.
Direção e elenco
A direção de Hancock faz um uso inteligente dos cenários confinados. A fuga, sem rotas de escape, aumenta o suspense, enquanto a estética retrofuturista adiciona um charme à ambientação. O elenco é, sem dúvida, um dos pontos altos da produção. Desde Yellowjackets, Sophie demonstrou habilidade de equilibrar vulnerabilidade e força, e aqui não é diferente. Sua personagem transita entre momentos de fragilidade e resistência, tornando-a uma protagonista fácil de cativar o público.
Jack, por sua vez, entrega uma atuação que se alinha ao seu estilo já bem estabelecido. Assim como em The Boys, ele combina humor e intensidade, conferindo ao seu personagem um charme desajeitado que se destaca mesmo em meio ao caos.
O veredicto
Entre sustos e reflexões filosóficas, o filme surpreende ao ser, também, genuinamente divertido. O roteiro equilibra momentos de tensão e cenas carregadas de ironia, resultando em uma experiência que mistura um terror sci-fi sangrento, com um toque de comédia.
No final, fica o questionamento central: se inteligências artificiais conseguem sentir dor, memorizar traumas e criar laços, em que ponto elas deixam de ser apenas códigos e se tornam algo mais? Essa reflexão, aliada à atmosfera violenta e ao elenco afiado, faz de Acompanhante Perfeita um título com uma construção narrativa afiada e um desfecho satisfatório. O lançamento tem tudo para se estabelecer como um dos mais interessantes do gênero neste ano.