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‘Back to Black’ vilaniza a quem promete homenagear

Cinebiografia sobre Amy Winehouse, ‘Back to Black’, decepciona ao usar fórmula simplista para retratar a complexa vida da cantora, deixando de fora detalhes importantes sobre sua trajetória.

Depois do premiadíssimo documentário ‘Amy’ (2015), muita expectativa se criou em torno de uma possível cinebiografia sobre a cantora Amy Winehouse. Os anos se passaram, outros documentários surgiram, até que em janeiro de 2023 finalmente começaram as gravações de ‘Back to Black’.

O filme, dirigido pela conhecida diretora Sam Taylor-Johnson (Cinquenta Tons de Cinza), escalou Marisa Abela para interpretar o papel principal. O roteiro bebeu de diários da cantora, seus clipes, dentre outros escritos que Amy Winehouse deixou, como inspiração. Em algumas entrevistas, a equipe relatou que esses materiais guiaram a forma como eles contaram a história da ascensão de Amy na indústria musical.

Geralmente, quando uma cinebiografia gira em torno de uma personalidade feminina polêmica, comemora-se quando uma diretora assume as rédeas do projeto. Isso porque elas tendem a compreender com mais profundidade as nuances da homenageada, e a evitar o enfadonho male gaze, tão presente nas cinebiografias conduzidas por homens.

Sam Taylor-Johnson afirmou em diversas entrevistas que o filme queria mostrar Amy Winehouse como a própria se via, e dar voz à cantora britânica. Porém, a impressão que se tem ao assistir ‘Back to Black’ é de que a diretora ouviu demais a faixa ‘You Know I’m No Good’ e esqueceu de todo o resto.

Como tudo começa

O ritmo inicial do filme parece um pouco apressado, como se o roteiro corresse para chegar logo na parte que o interessa: a fama de Amy. Porém, retratar o passado é fundamental para compreender o futuro. Ao privar o público de certos detalhes da infância e adolescência da cantora (que poderiam ter sido exibidos até mesmo como rápidos flashbacks), a narrativa os impede de ter uma visão mais ampla da personagem e de, talvez, compreender melhor algumas das escolhas de sua vida adulta.

Além disso, o sotaque de Marisa não ficou muito natural e, logo no começo da trama, a atriz reproduz o tempo todo, alguns tiques que a cantora tinha apenas ao cantar.

‘Você sabe que eu não sou boa…’ Será?

Amy Winehouse é retratada por uma ótica que parece vilanizá-la durante boa parte de ‘Back to Black‘. Não há muita dualidade, as qualidades da britânica (fora sua voz) não são mostradas com muita frequência também. Além disso, não vemos muito sobre o processo criativo de suas músicas e gravação de clipes, suas amizades e parcerias profissionais mais importantes, nada que mostre de uma forma mais completa a sua personalidade, quem ela realmente era.

Quem conhece um pouquinho sobre a história de vida de Amy sabe que ela sofreu muito bullying na infância, teve um relacionamento conturbado com seu pai durante a maior parte da vida mas que, apesar de tudo isso, também tinha amigos próximos e bons relacionamentos profissionais. Por isso, é no mínimo estranho que um filme que se dedica a ser uma biografia da cantora não mostre todos desses fatores. E que, além disso, ainda minimize a problemática do comportamento de seu pai Mitchell Winehouse, e de seu ex-marido Blake Fielder-Civil.

Os pontos positivos

Por vezes, o filme parece mais baseado nos clipes da cantora do que no que de fato aconteceu em sua vida. Inclusive, o longa faz vários paralelos diretos aos clipes de Amy e às tatuagens que ela foi adquirindo ao longo dos anos. O recurso é uma forma inovadora de mostrar a passagem de tempo, organizar os acontecimentos em ordem, e prender a atenção do público.

Outro ponto alto do longa foram as performances musicais; todas foram muito acertadas em seus detalhes, homenageando com primor as apresentações originais. Em determinado trecho, por exemplo, toca-se a faixa ‘Back to Black’ original, e, na cena seguinte, a personagem continua a faixa, cantando de onde a cena anterior parou; alí fica nítida a semelhança entre a atriz e quem ela está retratando.

Um recurso impressionante também é como a voz da personagem começa bem doce no filme, e depois, vai ficando mais rouca devido ao alto consumo de cigarro e de bebida alcoólica.

O veredicto

No fim das contas, ‘Back to Black’ se resume na clássica cinebiografia sobre uma grande estrela da música atormentada por vícios. Não tem complexidade, não tem profundidade, nem muita personalidade. Apesar de ter mirado no vício e nos paparazzis como os grandes vilões, o que Sam Taylor-Johnson conseguiu foi vilanizar ainda mais a própria Amy.

O longa prende a atenção e tem sim cenas marcantes e lindas, poucas, mas que fazem o público vibrar. Porém, no geral, ele oferece uma espécie de compilado do que já saiu sobre a cantora antes em outras mídias, só que agora com a expressão cansada e o cabelo um pouco mais bagunçado.

“Back to Black”

(Estados Unidos/França/Reino Unido, 2024, 118 min). Direção: Sam Taylor-Johnson. Biografia/Drama. Em exibição nos cinemas de todo o Brasil.

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