CAPIVARA-HEADER-1
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Boléro – A Melodia Eterna: Raphaël Personnaz conta os desafios de viver Ravel no cinema

O Festival Varilux de Cinema Francês já começou, trazendo filmes incríveis e a presença de artistas para promover seus títulos. Tivemos a honra de entrevistar alguns deles, compartilhando com o público um pouco mais sobre suas obras e experiências.


Maurice Ravel, um dos compositores franceses mais influentes do século XX, é lembrado por sua precisão técnica e criatividade musical que expandiu os limites da composição orquestral. Entre suas obras mais famosas, o Bolero se destaca como uma peça única devido ao ritmo repetitivo e hipnótico. Ravel utilizou essa construção minimalista para criar uma experiência única, que revelou sua genialidade em explorar repetições e variações sutis, eternizando-o como um dos mestres da música erudita.

Em 2024, chega aos cinemas Boléro – A Melodia Eterna, um drama biográfico, dirigido por Anne Fontaine – também conhecida pelo aclamado Coco avant Chanel (2009) – que mergulha na personalidade complexa de Maurice, nos revelando as raízes dessa peça icônica da música clássica moderna. Tivemos a oportunidade de entrevistar Raphaël Personnaz, o ator que dá vida ao lendário compositor, para entender mais sobre a experiência de interpretá-lo na tela. Acompanhe a seguir.




Como foi para você viver o Ravel nas telonas?

É um personagem muito secreto, misterioso, eu tinha que respeitar isso em primeiro lugar. Ele é um personagem nada demonstrativo. Aparece na maneira como ele sorri, como ele fuma um cigarro, como ele se comporta. Mas, na verdade, o que ele sente é um segredo. Toda essa sexualidade, todo esse segredo, todo esse mistério, toda a personalidade está na música dele. Como ator eu fazia um personagem que era como se fosse um ator, porque talvez eu não saiba nem mesmo a verdadeira personalidade dele.


Você percebeu, ao interpretar Ravel, que ele parecia transferir toda a paixão e desejo para a música, ao invés de avançar nas relações pessoais? Como foi para você explorar essa entrega total à arte em vez de aos afetos?

Levei três meses para fazer o Bolero, mas já fiz uma obra que levou 11 anos, por exemplo. Sinto que talvez não tenha controlado tudo, talvez toda a dimensão sexual e sensual do Bolero não tenha chegado ao seu máximo. Mesmo com pouco tempo, independentemente disso tudo, saiu essa junção maravilhosa, por isso Bolero é assim tão forte. Devido a uma mulher que me colocou contra a parede e disse: “Faz isso para mim”, eu consegui fazer em tão pouco tempo uma coisa tão profunda. É parte integrante da minha relação com ela.



Você diria que interpretar uma personalidade real traz desafios diferentes ou até maiores do que interpretar um personagem fictício?

O Ravel é interessante porque tem algumas fotos pelas quais procurei me inspirar fisicamente, mas não tem muita referência, não tem muita imagem dele, é diferente. Ele é um personagem mais misterioso. O ator é como um jornalista que vai buscando e pesquisando, tem muitos testemunhos e muitas entrevistas sobre ele (Ravel), eu pude ir pesquisando o personagem dessa maneira.


Como sabemos que você mergulhou profundamente no estudo sobre Ravel para captar todas as nuances desse personagem, gostaríamos de saber: houve alguma sugestão sua sobre a personalidade de Ravel que você trouxe para o diretor, algo que você sentiu que deveria estar presente no filme?

Anne Fontaine é incrivelmente gentil e nada autoritária. Trabalhamos lado a lado durante todo o processo, e eu pude construir diversos elementos para o personagem. Uma das decisões mais importantes foi perder 10 quilos, para dar ao personagem uma aparência mais delicada e frágil, o que achei essencial para o papel. Além disso, me dediquei ao piano: Anne me disponibilizou um coach para isso, e mesmo já sabendo tocar um pouco de “Let It Be”, dos Beatles, precisei me aprofundar para trazer autenticidade à atuação. Não sei se sou um bom ou mau ator, mas fiz tudo que estava ao meu alcance, investindo um ano de preparação antes mesmo de pisar no set.


Se você fosse o próprio Ravel, com a responsabilidade de compor um balé que viria a ser sua obra-prima, quais emoções, temas ou experiências inspirariam essa criação?

Eu seguiria o exemplo de Ravel, buscando inspiração na vida contemporânea e nos elementos do cotidiano, assim como ele fazia ao observar as máquinas ou ao se inspirar em melodias populares. Ravel criou algo único com a repetição de um tema, utilizando essa técnica para criar a ideia do círculo musical. Como ele também tinha uma grande admiração pelo jazz, eu incorporaria esse estilo, além do saxofone, como fontes de inspiração. Assim como ele, eu pegaria os sons e as influências da vida real e os transporia para a música clássica.


Foto: Felipe Teixeira




O pôr do sol na Praia do Jacaré, em João Pessoa, na Paraíba, é uma das atrações turísticas mais encantadoras da cidade, especialmente com a execução do Boléro de Ravel pelo saxofonista Jurandy do Sax. Diariamente, os turistas se maravilham com o espetáculo natural, enquanto o sol se põe lentamente, acompanhado pela música que se mistura à paisagem do Rio Paraíba. Esse ritual, que já acontece há mais de 10 anos, é um verdadeiro espetáculo. Mostramos essa tradição para Raphaël, que ficou bastante entusiasmado, revelando que já havia visto o evento e até mesmo compartilhado o momento em seu Instagram.


Eu já compartilhei no meu Instagram, é realmente lindo. Vi até uma escola inteira com os alunos dançando o Boléro. No início do filme, vemos essa música sendo tocada ao redor do mundo. Na França, o Boléro tem sempre uma presença marcante, e há uma cena no filme Les Uns et Les Autres, de Lelouch, em que o tema é interpretado com uma dança. Vale muito a pena assistir, é impressionante.





Boléro – A Melodia Eterna nos leva às origens dessa obra-prima da música clássica moderna, revelando a alma de Ravel. Anne Fontaine imprime à produção uma sensibilidade artística que remete à elegância de seu trabalho, oferecendo ao público uma abordagem intimista e visualmente sofisticada. O filme chega ao Brasil por meio do Festival Varilux de Cinema Francês, que apresenta uma seleção rica e diversificada de produções cinematográficas francesas contemporâneas. Clique aqui para conferir a programação completa.



Siga @capivaraalternativa no Instagram e TikTok para ficar por dentro dos detalhes e entrevistas do festival

TALVEZ VOCÊ GOSTE DESTAS POSTAGENS :

Vídeos:

ENTREVISTA: Saffira fala sobre lançamento de seu novo single “Danço Só”, liberdade e autoconhecimento
The Offspring no Brasil: três motivos para não perder esse show
Prefeito do Rio de Janeiro confirma megashow de Lady Gaga em Copacabana
Ozzy Osbourne: Black Sabbath anuncia show de despedida com formação original
Com hits e alfinetadas, Kendrick Lamar traz SZA para palco do Super Bowl
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow
 

LançamentoS:

Edit Template

© Copyright 2023 Capivara Alternativa – Todos os direitos reservados.

Pular para o conteúdo