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“O Astronauta” entrega o que promete: uma premissa intrigante

O cinema é um lugar onde os sonhos podem se tornar realidade. Alguns filmes usam dessa premissa para falar sobre sonhadores, os obstáculos enfrentados por eles, e até mesmo para inspirar seus espectadores a continuarem sonhando. O Astronauta é um filme que propõe exatamente isso.

Dirigido e estrelado por Nicolas Giraud, o filme conta a história de Jim. Um homem um tanto quanto solitário, que é engenheiro aeroespacial de dia, e se dedica a um projeto ultra-secreto à noite: construir seu próprio foguete e realizar o primeiro voo espacial tripulado amador.

O longa se apoia em algumas narrativas já bastante conhecidas pelo público, como o conceito de que “a união faz a força”, e de que devemos persistir em nossos objetivos, não importa o quão grande sejam. Não há nada de particularmente novo no roteiro, mas, ao mesmo tempo, há vários elementos que surpreendem.

Talvez pela tecnologia dos dias atuais ser tão avançada, ou por grandes figurões contemporâneos do TI serem frequentemente mencionados no filme; todas as peripécias de Jim parecem reais, como se pudessem de fato acontecer. E a persistência quase que heróica do personagem, de não desistir mesmo em meio a tantas adversidades, torna impossível não torcer para que o personagem conquiste seu objetivo final. Ele demonstra uma devoção e uma fé inabaláveis, e somente nos minutos finais do longa descobrimos o porquê.

A narrativa é simples e direta, mas a forma como é abordada captura a atenção do espectador. A nave que Jim está construindo é bastante realista, e a paleta de cores escolhida pelo longa, com predominância de tons alaranjados e azuis, lhe confere um tom futurista, que em muito relembra o recente sucesso cinematográfico Duna (2021).

Problemas técnicos na espaço-nave

Como já é de praxe, algumas forçações de barra também marcam o enredo. Um romance entre o personagem principal da trama e Izumi (Ayumi Roux), responsável pelos cálculos do projeto, é sugerida por seus colegas de trabalho. Apesar de terem tido um começo de parceria profissional nada-ortodoxo, em nenhum momento antes dessa menção acontecer, pareceu surgir algum clima entre os dois.

A forma como alguns dos outros personagens começam a trabalhar para Jim também parece apressada. Bem como uma brusca mudança de humor de alguns personagens, que rapidamente se mostraram emocionados com as conquistas do personagem quando, apenas alguns minutos antes, ameaçavam parar de falar com ele.

O longa mantém basicamente o mesmo ritmo e tom durante toda a sua duração, mas não se torna monótono, graças ao intrigante dilema do longa, que é seu fio condutor: “Ele vai conseguir realizar o sonho ou não?

É impossível assistir ao longa e não lembrar de clássicos da cultura pop como o filme Perdido em Marte, de Ridley Scott. Além da faixa “Rocketman“, de Elton John. Talvez seu maior deslize foi não incluir “Starman“, de David Bowie, na trilha sonora.

14º Festival Varilux de Cinema Francês

O Livro da Discórdia” é um dos 19 filmes inéditos participantes do 14º Festival Varilux de Cinema Francês. Ele fica disponível em cinemas de todo o Brasil até 22/11. A Capy cobriu a noite de estreia do evento, disponível aqui no site e em nosso Instagram e TikTok.

Além disso, entrevistamos Emmanuelle Boudier (curadora do festival) e Julia de Nunez (estrela da série de sucesso “Brigitte Bardot”).

Disponibilizamos também resenhas de outros longas participantes do evento, como: “Maestro(s)“, “Meu Novo Brinquedo“, “O Desafio de Marguerite“, “Making Of“, “O Livro da Discórdia” e “O Renascimento“.

“O Astronauta”

(França, 2022, 110 min.). Direção: Nicolas Giraud. Drama. Em exibição nos cinemas pelo Festival Varilux de Cinema Francês 2023.

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