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Desde o dia 16 de maio encantando o público carioca, ‘O Lago dos Cisnes’ dá continuidade à Temporada 2024 do TMRJ. O espetáculo é o primeiro balé a ser apresentado no ano.
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Todo mundo já ouviu falar em ‘O Lago dos Cisnes‘. Isso é fato. Seja pela animação Barbie: Lago dos Cisnes, seja pelas emblemáticas canções de Tchaikovsky, que frequentemente aparecem em filmes e séries. Ou, ainda, pelo longa Cisne Negro, protagonizado por Natalie Portman em 2011.
É quase impossível nunca ter ouvido falar na saga da princesa-cisne Odette, que depende de um amor verdadeiro para se livrar de uma terrível maldição. E do príncipe Siegfried, que é enganado pelo ardiloso mago Rothbart e sua filha, Odile.
Agora, chegou a vez de um dos palcos mais respeitados do mundo contar essa história. Conforme anunciado recentemente, ‘O Lago dos Cisnes‘ é a mais nova obra em cartaz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na última quinta-feira (23), nós acompanhamos de perto uma das apresentações da montagem, que é o segundo espetáculo da Temporada 2024 do TMRJ.
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Popstar usa tutu
Ingressos esgotados em 1 hora. Uma venda digna dos mais disputados shows internacionais em solo brasileiro. Segundo a equipe do TMRJ, os ingressos seguem esgotados e sem qualquer previsão de mudança desse panorama. Aliás, uma breve pesquisa nos últimos posts da casa nas redes sociais confirma essa informação. Dezenas de entusiastas do gênero se acumulam nos comentários, alguns tentando comprar ingressos de revenda e outros decepcionados por não terem conseguido.
Mas quando se fala em um dos balés dramáticos mais populares da história, esse feito não surpreende. Poderia haver 5 montagens de ‘O Lago dos Cisnes‘ ao ano que, provavelmente, todas as sessões ainda esgotariam. Afinal, o consenso geral não considera a obra um clássico à toa.
Quem tem o privilégio de assistir ao espetáculo logo entende o porquê de tanta comoção: ele é lindo, envolvente, e capaz de comover da melhor idade aos críticos mirins.
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Entre saltos e as reviravoltas
A montagem 2024 de ‘O Lago dos Cisnes‘ no Theatro Municipal evocou interjeições de surpresa em crianças de várias idades, inclusive fora das sessões do Projeto Escola. Encantadas com os vôos da bailarina Juliana Valadão (Odette/Odile), era comum ouvir perguntas empolgadas sobre o universo do balé e opiniões fortes dirigidas a seus pais, na apresentação do dia 23. Essa fascinação era palpável também nos adultos, que ficavam hipnotizados e quietos (salvo pelo ocasional ‘shhh‘) na maior parte do tempo.
Quem conhece um pouco do trabalho de Tchaikovsky já espera por belas melodias. Porém, é importante destacar também o quão delicados são os figurinos e a cenografia desta montagem, que complementam a história e a tornam ainda mais imersiva. Sob regência de Tobias Volkmann, a orquestra do Municipal estava afiadíssima, conversando harmoniosamente com o corpo de baile e seus solistas principais.
As duas horas e meia do espetáculo passam como um sopro. E, durante os 20 minutos de intervalo, os presentes mais pareciam interessados em retornar logo às suas poltronas para continuar no mundo mágico dos cisnes, do que qualquer outra coisa.
Ao fechar das cortinas, lágrimas por toda a parte e comentários efusivos em elogio. A produção é daquelas que se pode assistir uma, duas, e quantas vezes mais for possível, porque não enjoa. A montagem do TMRJ é de uma beleza, e de uma sensibilidade, que fica perceptível em todos os detalhes. Da forma como os dançarinos se movem, até a afinação da harpa que clama sozinha em seu solo, e as palmas insistentes do público, que permearam todo o espetáculo. ‘O Lago dos Cisnes‘ se oferece por inteiro ao público e pede que ele se entregue de volta, é uma experiência para ser sentida.
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A nascente do lago
Em 1876, o Teatro Bolshoi encomendou o balé ‘O Lago dos Cisnes‘ ao compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovsky. Pertencente ao gênero dramático, a obra se divide em 4 atos (ou partes) que contam a história de amor e desventuras entre Odette e Siegfried.
O enredo do espetáculo tem origem em uma lenda alemã, que fala sobre uma princesa aprisionada em corpo de cisne por um feiticeiro malvado. Na época, um sobrinho de Tchaikovsky afirmou que o tio já havia montado um pequeno balé com uma temática parecida, para ser encenada por sua família. A obra se chamava “The Lake of the Swans“.
Quando concebeu a obra, Tchaikovsky era compositor de sinfonias e concertos, não especialista em música para balé. Esse fato pegou muita gente de surpresa, já que isso nunca havia acontecido antes. O músico tentou incorporar elementos ocidentais e tradicionais da música russa em sua composição, trazendo também trechos de uma de suas óperas inacabadas para a melodia do espetáculo.
E não foi apenas na música que ‘O Lago dos Cisnes‘ revolucionou a história do balé, nas vestimentas também. Esta foi a primeira obra em que bailarinas usaram o tutu “armado”, tão popular no imaginário bailarinístico de hoje em dia. Até então, as dançarinas usavam apenas o tutu romântico (que é mais comprido e chega pouco abaixo do joelho).
Apesar de não ter sido bem recebido pela crítica da época, ‘O Lago dos Cisnes‘ se consolidou posteriormente como uma das principais obras do balé clássico. Hoje em dia, ela é sinônimo do gênero e referência no mundo inteiro.
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