Filme com coprodução brasileira conquista espaço na mostra Un Certain Regard e se destaca por sua proposta estética e política
No último sábado (17), “O Riso e a Faca” fez sua aguardada estreia mundial no 78º Festival de Cannes, integrando a mostra Un Certain Regard, considerada a segunda mais importante do evento francês. Com direção do cineasta português Pedro Pinho, o filme é uma coprodução entre Brasil, Romênia, França e Portugal, e já desponta como um dos títulos mais comentados dessa seleção paralela.
A recepção da crítica especializada foi bastante positiva. Vários dos principais veículos internacionais elogiaram a ousadia narrativa do longa, sua construção estética e a abordagem de temas políticos. O resultado: uma leva de resenhas entusiasmadas que posiciona “O Riso e a Faca” como um dos destaques desta edição do festival.

Repercussão calorosa da imprensa internacional
Logo após a sessão, as reações começaram a pipocar. O jornal francês Le Monde cravou que o filme é “uma das propostas mais entusiasmantes vistas este ano na Croisette”.
Já o Libération foi direto ao ponto ao descrevê-lo como “uma espécie de obra-prima louca”.
O site português C7nema destacou a escala do projeto: “uma saga de proporções épicas por diferentes continentes e por uma língua de errância”.
Na crítica publicada pela ICS Film, surgiram comparações com a cineasta Lucrecia Martel: “O Riso e a Faca é visualmente impressionante, filmado em um formato muito amplo que frequentemente faz os ambientes externos parecerem hostis a Sérgio e aos demais”.
Para o In Review Online, Pedro Pinho se mostra “um cineasta paciente, perceptivo e generoso — nenhum personagem é indigno de desenvolvimento ou compaixão”.
O Screen Daily também elogiou o trabalho coletivo de edição, feito por Pinho e outros três colaboradores, destacando que a montagem “cria uma história humana envolvente, repleta de subcorrentes sociopolíticas e históricas”.
Já o site Journey Into Cinema foi além e afirmou: “Esta é uma obra monumental. Deveria ter participado da competição principal.”
O Film New Europe resumiu o impacto da produção com a seguinte leitura: “uma narrativa impressionante, assim como uma odisseia visual que explora relações e dinâmicas complexas em uma comunidade de imigrantes”.

Distribuição brasileira garantida e estreia nos cinemas a caminho
Com produção brasileira assinada pela Bubbles Projects e distribuição nacional pela Vitrine Filmes, “O Riso e a Faca” chegará aos cinemas do Brasil em breve. Depois de uma estreia tão forte em Cannes, o filme desembarca no circuito com grandes expectativas, tanto pelo apuro visual quanto pelo olhar profundo sobre questões sociais, políticas e humanas.
Seja como for, já dá pra dizer que a estreia do longa marcou um momento muito importante para o cinema de coprodução lusófona em 2025.
Ficha técnica
- Direção: Pedro Pinho
- Roteiro: Pedro Pinho, com colaboração de Miguel Seabra Lopes, José Filipe Costa, Luísa Homem, Marta Lança, Miguel Carmo, Tiago Hespanha, Leonor Noivo, Luis Miguel Correia e Paul Choquet
Elenco: Sérgio Coragem, Cleo Diára, Jonathan Guilherme, Renato Sztutman, Jorge Biague, Bruno Zhu, Kody McCree e Everton Dalman - Produção: Uma Pedra no Sapato e Terratreme (Portugal), Bubbles Project (Brasil), Still Moving (França), De Film (Romênia)
- Produtores: Filipa Reis, Tiago Hespanha, Tatiana Leite, Juliette Lepoutre, Pierre Menahem, Ioana Lascăr e Radu Stancu
- Produtores Associados: Rodrigo Letier (Kromaki Filmes), Geba Filmes e Maison des Cinéastes
- Direção de Produção: Eduardo Nasser
- Fotografia: Ivo Lopes Araújo
- Montagem: Rita M. Pestana, Karen Akerman, Claúdia Oliveira e Pedro Pinho
- Direção de Arte e Figurinos: Camille Lemonnier, Livia Lattanzio e Ana Meleiro
- Maquiagem e Cabelo: Ami Camará
- Som: Jules Valeur
- Edição de Som: Pablo Lamar
- Ano e países de produção: Portugal/Brasil/Romênia/França, 2025
- Duração: 212 min
- Distribuição no Brasil: Vitrine Filmes
Sinopse
Sérgio viaja para uma metrópole da África Ocidental. Vai trabalhar como engenheiro ambiental para uma ONG, na construção de uma estrada entre o deserto e a selva. Ali, envolve-se numa relação íntima mas desequilibrada com dois habitantes da cidade, Diára e Gui. À medida que adentra nas dinâmicas neocoloniais da comunidade de expatriados, esse laço frágil torna-se o seu último refúgio perante a solidão ou a barbárie.