Apesar das críticas ao ritmo narrativo, o filme continua a oferecer o prazer visual da civilização em tela grande e destaca-se por seus elementos visuais marcantes e mensagem, contribuindo para uma continuação que honra o legado da franquia.
Sob a direção de Wes Ball, o mais recente capítulo da saga nos apresenta um território rico de questionamentos sobre o poder, a sociedade e a humanidade. Este novo filme, ao inverter os papéis de domínio, não apenas dá um novo rumo à franquia, como também entrelaça uma complexa rede de mensagens mediante cada personagem.
Uma nova era
O novo capítulo da saga se passa 300 anos depois dos eventos de ‘A Guerra’ (2017). Nesse futuro distante, César mantém seu legado, sendo visto como uma espécie de divindade. Mas outros macacos se erguem, distorcendo os ensinamentos do passado em favor de seus próprios interesses. Em ‘O Reinado‘, conhecemos Noa, um macaco pertencente à Tribo da Águia. Sua família é levada por outros macacos sob o comando de Proximus César. Noa, em sua jornada de resgate, encontra Raka, o sábio orangotango, e Mae, uma representante da espécie há muito considerada extinta aos olhos dos macacos.
Resgatando raízes
O filme resgata elementos fundamentais que refletem através das eras. Um dos aspectos mais marcantes é a homenagem e referências ao filme original, lançado em 1968, que apresenta os macacos como a espécie dominante. Agora, essa premissa é apresentada novamente, oferecendo uma perspectiva nova sobre o especismo. No desenrolar da trama, encontramos um reflexo das relações incomuns entre espécies, entre Mae e Noa, se refletindo na relação entre César e a jovem humana em ‘Planeta dos Macacos: A Guerra‘. Essas conexões enriquecem não apenas o novo capítulo, mas também estabelecem uma ligação direta com o legado enraizado na franquia.
O impacto visual
Os gráficos da franquia sempre foram dignos de nota, e isso não se perdeu. A fusão entre maquiagem digital e a expressividade dos atores, resulta em uma impressionante entrega de emoções, captadas apenas pelos olhares dos personagens. A habilidade dos atores em transmitir emoções humanas por meio de personagens não humanos é fascinante. Mas não é surpresa, considerando o legado impecável deixado por Andy Serkis nesse aspecto, nos filmes anteriores da franquia.
Dos diálogos à ação
Embora algumas cenas de ação ofereçam uma sequência espetacular, a constância desse elemento é variável. O filme dedica-se a explorar extensivamente o novo cenário apresentado, por meio de diálogos minuciosos. Essa perspectiva resulta em um ritmo mais lento em comparação aos outros filmes da franquia. Embora seja fácil prender nossa atenção, através da deslumbrante paisagem verde, a verbalização excessiva deixa uma sensação de que Wes, poderia ter simplificado alguns aspectos para manter o ritmo da narrativa.
Explorando a evolução e a prepotência
Apesar de se passar três séculos após o último filme, a civilização primata permanece alheia à tecnologia humana. Essa representação sugere a ideia de múltiplos estágios da evolução humana, destacando como alguns indivíduos sacrificaram tudo em busca de poder, recorrendo ao instinto primitivo e a barbárie. Mesmo em uma era onde os humanos não são a espécie dominante, o filme não minimiza a mensagem sobre a necessidade e a arrogância inerente à humanidade, que se considera destinada a liderar a cadeia alimentar.
Perspectivas para o futuro da franquia
O desfecho do filme deixa uma expectativa em relação ao talento demonstrado nos filmes anteriores de construir uma ponte para o próximo capítulo. A conexão entre os três filmes é brilhante, deixando-nos ansiosos por descobrir como as pontas soltas desse último filme se conectarão em futuras narrativas. Apesar das críticas em relação ao ritmo da narrativa, ‘Planeta dos Macacos: O Reinado‘ continua a oferecer o prazer de testemunhar essa civilização em tela grande. O filme destaca-se por seus elementos visuais marcantes e pela mensagem que permeia todos os filmes da franquia. Ambos contribuindo para uma continuação que honra esse legado.
Planeta dos Macacos: O Reinado
(2024 ‧ Ação/Ficção científica ‧ 2h 25m)
Direção: Wes Ball – Em exibição nos cinemas de todo o Brasil.
