‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’ acerta ao priorizar relações humanas e mergulhar em uma ambientação vintage que emociona sem depender só da ação
Após várias versões anteriores que oscilaram entre o esquecimento e má recepção do público, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos finalmente chegou aos cinemas com a promessa de uma abordagem mais emocional, uma estética retrô impecável e, pela primeira vez, com o pequeno Franklin Richards na trama. O filme pode até tropeçar em algumas decisões pontuais, mas apresenta uma estreia poderosa do grupo no MCU, abraçando o conceito de família como centro da narrativa.
Química de família que convence
O que faz o filme funcionar tão bem logo de cara é a forte química entre os protagonistas. Pedro Pascal como Reed Richards, Vanessa Kirby como Sue Storm, Ebon Moss-Bachrach como Ben Grimm e Joseph Quinn como Johnny Storm, convencem tanto individualmente, como também constroem juntos uma dinâmica familiar envolvente, cheia de afeto, conflito e cumplicidade. A direção escolhe explorar essa ideia de família tanto nos momentos em grupo quanto nas decisões tomadas individualmente, com cada personagem enfrentando dilemas pessoais que afetam o coletivo. O resultado é uma conexão sincera entre público e personagens, com espaço de destaque para todos ao longo da história.
Uma viagem retrô com alma e identidade visual marcante
Outro acerto evidente está na ambientação vintage, que confere ao filme um toque único. Tons mais dessaturados, figurinos com cortes inspirados nos anos 60 e tecnologia com cara de ficção científica retrô criam um universo cheio de personalidade. A direção de arte investe em cenários práticos e texturas que remetem a filmes clássicos do gênero, enquanto a fotografia aposta em granulações suaves e paletas quentes que sugerem nostalgia. As cenas no espaço impressionam, com planos abertos, buscando aumentar essa sensação frequente de que o grupo enfrenta um perigo muito além do entendimento humano.
Menos ação, mais profundidade emocional
Diferente da maioria dos filmes de super-herói, Primeiros Passos deixa as explosões em segundo plano e se aprofunda em temas como pressão familiar, insegurança, maternidade e moralidade. As disputas internas se destacam tanto quanto as externas, demonstrando uma Marvel mais focada em explorar a dimensão humana de seus personagens, algo que já vinha sendo indicado em lançamentos recentes como Thunderbolts.
Os quadrinhos ganham vida
No campo das referências, o filme entrega um verdadeiro prato cheio para os fãs mais atentos. A nova adaptação de Galactus impressiona pela fidelidade e imponência, conseguindo traduzir a grandiosidade do vilão para as telas sem parecer exagerado. Além disso, há menções diretas aos desenhos animados, acenos a diversas fases dos quadrinhos e aparições discretas (mas icônicas) de nomes como o Pensador Louco, o Homem-Toupeira e o Fantasma Vermelho. Tudo isso sem soar forçado ou jogado, funcionando como um agrado para quem cresceu com as histórias do Quarteto.
Problemas pontuais que não estragam o todo
Nem tudo são flores, claro. Apesar das 1h55 de duração, o ritmo do filme acelera demais em certos momentos, principalmente nos desfechos de conflitos importantes, o que pode deixar a sensação de que faltou tempo para respirar. Outro ponto que pode incomodar está no uso do CGI no bebê Franklin Richards: em algumas cenas, o efeito digital deixa um aspecto artificial demais, quebrando um pouco a imersão. Felizmente, são momentos pontuais e que não comprometem a narrativa geral.
Uma nova era para o Quarteto e para o próprio MCU
Somando todos os pontos, os acertos falam mais alto e colocam Quarteto Fantástico: Primeiros Passos como um novo respiro para o MCU. O filme introduz muito bem seus personagens, estabelece conexões emocionais com o público e aponta para uma fase mais madura do universo Marvel. O título não poderia ser mais apropriado: além de marcar o início da jornada do grupo, simboliza também um novo passo na linha cronológica de filmes que prometem resgatar a grandiosidade das primeiras fases. Com a mensagem de que “Um pequeno grupo consciente e engajado muda o mundo”, o Quarteto voltou, ainda mais fantástico do que antes.