Thunderbolts: Os Novos Vingadores – O resgate da alma do MCU ao focar em personagens humanos demais

A Marvel voltou aos trilhos? novo filme foge do brilho enlatado da fórmula clássica e encontra força justamente nas falhas, nos silêncios e nos abismos emocionais de seus protagonistas.

Thunderbolts é a lembrança necessária de que a Marvel ainda tem algo a dizer. E que dizer menos, às vezes, pode significar muito mais. Longe de depender de explosões constantes ou frases de efeito superficiais, o filme aposta numa narrativa mais contida, focada na construção de personagens emocionalmente fragmentados e no desconforto silencioso que os conecta. A sensação, ao fim, é de que se trata menos de um espetáculo visual e mais de uma experiência quase terapêutica, que não abre mão da ação, mas que entende o valor do silêncio entre dois socos.

Narrativa madura

O longa se destaca exatamente por evitar os atalhos fáceis. Não há pressa em explicar tudo ou em seguir uma estrutura pré-fabricada. Em vez disso, os roteiristas oferecem espaço para que os dramas pessoais se revelem organicamente, sem parecerem impostos por obrigação temática. Isso é visível na forma como a trama aborda a solidão, o luto e a autossabotagem com uma honestidade rara dentro do MCU. A decisão de colocar no centro da narrativa figuras moralmente ambíguas e afetivamente frágeis é o que dá fôlego novo à franquia. Ainda mais em um momento em que ela parecia caminhar no piloto automático.

Humor que nasce da dor, não do roteiro

Não se engane: Thunderbolts não é um drama existencial mascarado de aventura. Ele é, antes, a síntese bem dosada de gêneros, onde o humor surge no momento certo, com personagens que não usam piadas para fugir do sofrimento, mas como mecanismo de defesa realista. Essa combinação de humor ácido e dor genuína trazem uma densidade emocional para as cenas. É nesse ponto que Thunderbolts se distancia de outras tentativas recentes de renovação que fracassam muitas vezes por não saber equilibrar leveza e profundidade.

Elenco que entrega mais do que o esperado

O elenco, por sua vez, entrega atuações que elevam o material. Florence Pugh, como Yelena, reafirma seu lugar como um dos pilares da nova geração da Marve. Lewis Pullman também surpreende ao dar vida a Bob (Sentinela), um personagem complexo que se torna uma das colunas emocionais do enredo. Ambos oferecem interpretações marcantes que oscilam entre vulnerabilidade e fúria contida, fazendo com que cada embate físico carregue um peso dramático real. A química do grupo — e a falta de harmonia intencional entre eles — reforça a ideia de que se trata de um time de outsiders lidando com questões maiores do que suas próprias habilidades.

Visual ousado e clímax surpreendente

Visualmente, o filme também arrisca. Em vez de seguir a paleta saturada e limpa que virou padrão da Marvel, ele mergulha em tons mais frios escuros. O terceiro ato, em particular, foge completamente das batalhas genéricas a que nos acostumamos e apresenta uma resolução mais simbólica, ambientada no chamado Estado Onírico: uma construção visual e conceitual, que reflete o estado mental dos personagens. Pode parecer arriscado demais para quem espera só mais um confronto explosivo, mas funciona como uma das escolhas mais autorais e marcantes da franquia, em anos.

Acessível para novatos, recompensador para fãs

Outro mérito é o roteiro não tratar o espectador como um algoritmo. A narrativa não depende de você ter assistido a todos os projetos anteriores, embora traga recompensas claras para quem acompanhou o universo expandido. Ainda assim, tudo faz sentido por si só. Essa autonomia narrativa é cada vez mais rara num universo que frequentemente sacrifica a história individual em nome de grandes conexões e anúncios futuros.

O respiro que o MCU precisava

Dirigido por Jake Schreier, o filme é uma reafirmação de que ainda há espaço para autenticidade no cinema blockbuster. Ele não tenta ser grandioso o tempo todo, mas é justamente por isso que se torna impactante. E, talvez pela primeira vez em muito tempo, a Marvel parece ter voltado a confiar em seus cineastas, permitindo que suas visões transpirem na tela sem a sensação incômoda de interferência executiva.

Em tempos de exaustão de fórmulas e saturação de universos compartilhados, Thunderbolts aparece como um respiro: um filme que nos lembra que superpoderes impressionam, mas são as fragilidades que nos fazem ficar.

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