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Aqui: a passagem do tempo e os dilemas humanos

Aqui traz Tom Hanks e Robin Wright, em uma obra sobre tempo, memórias e sacrifícios explorando como cada espaço é um testemunho do tempo

Baseado na graphic novel de Richard McGuire, ‘Aqui ‘ apresenta uma ideia original e simples: contar a história de um lugar específico ao longo do tempo. Desde sua origem como um pedaço de terra até se transformar em uma casa habitada por gerações, o filme mantém o espectador com uma visão fixa, observando a passagem dos anos. Embora atraente, esse conceito pode parecer um pouco rígido em alguns momentos, com o formato de “quadro único” lembrando mais uma apresentação de slides do que uma narrativa fluida.

A nostalgia é um dos elementos mais fortes do filme. Ele passeia por memórias de diferentes épocas, mostrando tanto momentos íntimos quanto eventos históricos grandiosos. Isso reforça a ideia de que o tempo é tanto cruel quanto belo. A ausência de um enredo linear ou de personagens fixos, pode ser u obstáculo para aqueles que estão acostumados com narrativas mais tradicionais, tornando o filme mais reflexivo do que emocionalmente envolvente.

Relacionamentos e escolhas em ‘Aqui’

O relacionamento entre Richard (Tom Hanks) e Margaret (Robin Wright) é o coração do filme. Ele reflete as dificuldades de diferentes períodos nos Estados Unidos. Enquanto Margaret enfrenta o dilema de seguir sua carreira como advogada ou atender às expectativas domésticas de sua época, Richard abandona seus sonhos artísticos para sustentar a família. A dinâmica entre eles simboliza os sacrifícios feitos por amor e pela pressão social.

Além disso, os personagens de Paul Bettany e Kelly Reilly ampliam essa perspectiva ao apresentar outros momentos históricos, adicionando camadas que enriquecem a narrativa. Cada história individual se conecta com as transformações sociais, econômicas e culturais do país, mostrando como as escolhas de cada personagem refletem em um contexto maior.

O filme combina essas histórias pessoais com o espaço onde acontecem, criando uma continuidade que atravessa gerações. O resultado é uma obra que equilibra temas universais como ambição, sacrifício e amor com a evolução histórica de uma nação.

Um lugar que guarda memórias

Acima de tudo, fica a reflexão sobre o impacto humano em um único espaço. O filme mostra como um lugar pode guardar memórias, sentimentos e histórias de diversas gerações. Nesse espaço limitado, o filme captura a essência da vida: nascimentos, celebrações, perdas e partidas. Cada momento se entrelaça com o próximo, transformando a casa em um depósito de memórias e emoções. É uma homenagem ao que nos conecta como seres humanos e ao que permanece mesmo depois que partimos.

O final traz uma mensagem poderosa: mesmo em sua simplicidade, cada lugar carrega a alma das vidas que passaram por ele. É uma experiência única, que transforma algo aparentemente comum em algo grandioso.

Capy na pré-estreia de ‘Aqui’, no Cine Marquise
A polêmica sobre o uso de IA

Uma peça importante na execução da narrativa, foi o uso de inteligência artificial para envelhecer e rejuvenescer os atores. O filme captura a passagem do tempo sem a necessidade de mudar o elenco, permitindo que os personagens evoluam de forma contínua.

Embora Here seja um projeto inovador, ele não escapa de algumas falhas. A forte ênfase na técnica muitas vezes tira a atenção da narrativa emocional. Pode parecer exagerado e, em alguns casos, desviar o foco da história principal.

Reflexões sobre o tempo em ‘here’: o que deixamos para trás

Filmes como A Ghost Story mostraram como é possível criar uma narrativa que abrange séculos e ainda assim manter uma conexão emocional profunda. Em contraste, este parece mais preocupado em impressionar visualmente do que em cativar emocionalmente, o que pode afastar parte do público.

Apesar disso, o filme continua sendo uma experiência marcante. É um convite para os espectadores refletirem de forma mais profunda sobre o tempo e a vida. Nos faz pensar sobre o impacto que deixamos nos lugares que habitamos. Ele explora como cada espaço é um testemunho silencioso das vidas que passaram por ali, guardando histórias que se acumulam como camadas invisíveis. A mensagem do filme, “esteja aqui agora“, é um lembrete de que viver o presente é a única maneira de valorizar realmente o tempo e os lugares que ocupamos.

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