Novo filme de terror, promete causar impacto público, com uma história de terror perturbadora e chocante. Mas o que o filme tem para causar tudo isso?
“Longlegs“, o novo filme de terror de Oz Perkins, oferece uma experiência visual impressionante e perturbadora. A cinematografia é notável desde o começo, usando tons aumentar a tensão, ou o drama das cenas. O design de som também faz um ótimo trabalho, com ruídos sutis que criam uma sensação de medo. Desde os créditos iniciais, o filme cria uma atmosfera inquietante com imagens rápidas que deixam o espectador desconfortável. Dividido em partes, o filme mantém um ritmo tenso e crescente que prende a atenção do público até o final.
Como a direção cria uma nova dimensão de terror
A direção é um dos grandes destaques do filme. Perkins, conhecido pelo seu horror, cria uma história onde o realismo é deixado de lado para as vibrações emocionais. Em filmes anteriores como A Enviada do Mal (2015) e O Último Capítulo (2016), ele já havia mostrado sua habilidade em construir atmosferas densas, onde o medo vai se instalando na mente do espectador aos poucos. Sua marca registrada é a criação cuidadosa de tensão, com uma estética visual que gera uma sensação de isolamento e desconforto. Neste novo trabalho, ele mantém esse estilo único.
Atuações Hipnóticas
Nicolas Cage, com mais uma atuação marcante, reforça seu legado no cinema com uma interpretação hipnótica. Conhecido por sua versatilidade, Cage já explorou vários gêneros, mas seu amor pelo terror é evidente em filmes como Mandy (2018) e Color Out of Space (2019). Neste filme, ele demonstra uma intensa intensidade, equilibrando com perfeição o absurdo e o sublime. Apesar de todo o burburinho em torno de sua atuação, Cage realmente domina a tela, oferecendo momentos que beiram o perturbador. Contudo, a verdadeira surpresa é Maika Monroe, que brilha em uma interpretação que vai além do papel de uma donzela em apuros. Sua capacidade de transformar até os figurinos mais duvidosos em algo elegante e icônico mostra como ela rouba a cena de maneira sutil e eficaz.
Desconforto e estranheza
A ambientação é outro ponto forte do filme, transportando o espectador para um espaço mental e estranho. As escolhas de design de produção são impecáveis, com portas, janelas e corredores sempre aparecendo no fundo das cenas, criando uma constante sensação de estar sendo observado (se prestar atençaõ nos detalhes, talvez esteja). O tom crepúsculo, acentua essa sensação de estranheza, deixando o espectador em um estado de desconforto contínuo. O filme joga a lógica e a credibilidade pela janela em certos momentos, mas isso parece ser intencional, pois ele se propõe a operar em uma lógica de sonho sobrenatural, onde as regras do mundo real não se aplicam.
Sombrio e sensorial
Há uma clara influência de séries como Arquivo X, misturando ficção científica e fantasia com um toque sombrio. Sua execução é seca, mas, ao mesmo tempo, medonha. Esse estilo cria uma tensão entre o real e o imaginário, que poucas obras conseguem captar com sucesso. O equilíbrio faz com que o filme se torne mais uma experiência sensorial do que uma narrativa linear tradicional. Para alguns, isso pode ser uma decepção, mas para outros, é o grande atrativo da obra.
Quando o clímax abandona a lógica e reinventa o filme
No entanto, o filme dá uma guinada brusca em seu clímax, abandonando muitos dos elementos construídos ao longo da narrativa. A mudança é tão repentina que pode deixar o espectador confuso e perdido, quase como se o filme estivesse intencionalmente brincando com as expectativas de seu público. Talvez mais 20 minutos de desenvolvimento tivessem melhorado a resolução. Porém, nada apaga o fato de Maika Monroe brilhar intensamente no papel, consolidando-se como uma atriz de destaque. Oz Perkins oferece um trabalho de imersão, onde o espectador e a lógica são deixadas de lado e o medo é construído por meio de camadas sutis de desconforto, tudo encarnado muito bem por Nicolas.