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“O Renascimento” mistura amizade verdadeira e arte sem elitismos

Analisamos o longa “O Renascimento” e entrevistamos Rémi Bezançon, diretor e roteirista da película, para saber mais a respeito do seu processo criativo.

O Renascimento” é um filme dirigido e roteirizado por Rémi Bezançon, que conta a história de Arthur Forestier (Vincent Macaigne) e Renzo Nervi (Bouli Lanners). Os dois homens sempre foram amigos e o amor pela arte os uniu por todo esse tempo. Arthur representa Renzo, um pintor em plena crise existencial e sem inspiração há vários anos. Até que Arthur desenvolve um plano arriscado para ajudar a antiga popularidade de Renzo a ter um renascimento, onde vários contratempos cômicos acontecem.

Rémi Bezançon é um diretor francês que ficou conhecido pelo longa “O Primeiro Dia do Resto da Sua Vida“, lançado em 2008. O filme ganhou várias indicações ao cobiçado prêmio César, ganhando 3 delas, nas categorias “Melhor Edição“, “Melhor Ator Iniciante” e “Melhor Atriz Iniciante“. Desde então, ele lançou outros projetos, como “O Mistério de Henri Pick” (2019) e “Zarafa” (2012). Ele geralmente trabalha nas categorias animação, curta metragem e comédia.

Entrevista com Rémi Bezançon1

Sobre seu mais novo filme, “O Renascimento” (2023), Rémi nos contou com exclusividade que encarou a história de amizade entre Renzo e Arthur como uma comédia romântica. Ele usou a estrutura clássica de uma para organizar a história deles e como iria contá-la.

O diretor comentou também que a ideia de usar a arte como pano de fundo da narrativa veio de sua grande paixão pela pintura. Ele estudou na Escola do Louvre, em um curso sobre curadoria de museu, e, por isso, se interessa muito pelo tema. Apesar de não ser colecionador, ele está sempre visitando exposições. Inclusive, deixou escapar que, logo após a nossa entrevista, ia tentar visitar o MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Rémi Bezançon | Foto: Divulgação

Durante o papo, ele revelou ainda um fato curioso: o ator Bouli Lanners, que interpreta o personagem Renzo, é também pintor na vida real! Bouli estudou na Escola de Belas Artes de Liège e inicialmente queria seguir carreira apenas de pintor. “Filmar ele pintando tem uma autenticidade que filmar qualquer outro ator, que não é pintor, não teria“, afirma Rémi.

Já sobre a escalação de Vincent Macaigne para viver Arthur nas telonas, Bezançon comenta que ele é um ator que ele já gostava muito. Por isso, resolveu convidá-lo para o projeto. Por ser bastante instintivo em suas escolhas artísticas, o diretor resolveu colocar os dois atores para atuarem juntos e ver se daria certo, o que felizmente ocorreu:

Desde a primeira leitura em grupo do roteiro, ficou claro que eles trabalhariam muito bem juntos“.

Análise da película

Talvez um dos maiores medos do espectador que vai assistir a um filme que mencione artes clássicas, seja o de encontrar um material difícil de digerir. Ou então, algo que se perca demais em poesias e subjetividade. Felizmente, isso não é o que acontece em “O Renascimento“.

Talvez um de seus pontos mais fortes seja justamente esse: mostrar a arte de uma forma despretensiosa, descomplicada, mas jamais deselegante. O filme consegue misturar muito bem a essência da arte clássica, no mesmo passo em que a torna acessível para seu público, oferecendo-lhe um viés emocional e focando no que faz seres humanos se conectarem com ela.

Quem assiste ao trailer pode pensar que o filme é majoritariamente sobre arte, mais especificamente, sobre o mundo das galerias de arte e pinturas, mas ele vai além. Possivelmente, este foi um recurso intencional da direção do longa, para não deixar tão óbvio o tema que realmente recebe o maior foco no filme: a amizade de Arthur e Renzo.

A opção do diretor em narrar a história deles por meio de uma estrutura textual que é normalmente usada em comédias românticas, funciona deliciosamente bem aqui. Ela acaba tornando o roteiro mais leve e com um frescor surpreendente, instigante de se acompanhar.

Imprevisível

Se tem uma coisa que a película não é, é previsível. Ela vai tomando vários rumos completamente diferentes do que se pudera imaginar no início e, ás vezes até em algumas cenas dramáticas, é impossível segurar a risada. A cadência da história flui muito bem, e ao final do longa, a sensação é a de que ele durou exatamente o quanto deveria durar. Mais tempo seria demais, menos deixaria a sensação de falta.

Os ângulos de câmera escolhidos pelo diretor foram bem dinâmicos e contribuem para essa fluidez da história. O filme não tem um elenco enorme. Tampouco muitas locações diferentes, mas é possível perceber que cada detalhe foi meticulosamente pensado para agregar à atuação espetacular de Vincent e Bouli.

Pontos e contrapontos

Por fim, um truque muito interessante usado pela equipe de fotografia é o de terminar o longa com uma imagem real que se transforma em pintura. E, para completar, ela se encerra na mesma cena em que o filme se inicia, transmitindo uma ideia de continuidade, como se fosse um aceno à amizade dos dois amigos, que continuará seguindo firme e forte no futuro.

Talvez um possível ponto de melhora pudesse ser explorar um pouco mais o quesito “arte” do enredo, já que tanto no trailer como em sinopses, este é um conceito bastante destacado. Nas poucas vezes em que o assunto é mencionado com alguma profundidade, o filme aborda esse tema de maneira muito didática, o que poderia ser mais um de seus trunfos, se abordado com uma frequência um pouco maior.

Se a narrativa também tomasse alguns caminhos diferentes dos que acabou tomando, o longa poderia ter se tornado uma espécie de Thelma e Louise dos dias atuais, o que poderia ter-lhe conferido um aspecto mais absurdista e único.

Ainda assim, “O Renascimento” é um filme com sutileza tragicômica que surpreende e prende a atenção, por suas muitas camadas e reviravoltas.

14º Festival Varilux de Cinema Francês

O Renascimento” é um dos 19 filmes inéditos participantes do 14º Festival Varilux de Cinema Francês. Ele fica disponível em cinemas de todo o Brasil até 22/11. A Capy cobriu a noite de estreia do evento, disponível aqui no site e em nosso Instagram e TikTok.

Além disso, entrevistamos Emmanuelle Boudier (curadora do festival) e Julia de Nunez (estrela da série de sucesso “Brigitte Bardot”).

Disponibilizamos também resenhas de outros longas participantes do evento, como: “Maestro(s)“, “O Desafio de Marguerite“, “Making Of“, “Meu Novo Brinquedo“, “O Astronauta” e “O Livro da Discórdia“.

“O Renascimento”

(França, 2023, 95 min.). Direção: Rémi Bezançon. Comédia, Drama. Em exibição nos cinemas pelo Festival Varilux de Cinema Francês 2023.

  1. Nosso agradecimento especial a Jens Munck, o grande tradutor e intérprete que possibilitou nosso papo com Rémi Bezançon durante o junket do Festival Varilux de Cinema Francês. ↩︎

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