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“O Sabor da Vida” retrata o amor como o principal ingrediente da existência humana

Novo romance de Tran Ahn Hung mostra como o amor compartilhado pela culinária é capaz de solidificar um relacionamento.

A culinária francesa é conhecida no mundo inteiro por sua excelência e versatilidade. Para quem conhece um pouquinho sobre o país, é nítido como a gastronomia faz parte de sua cultura e, muitas vezes, teve um papel central até mesmo na história de seu povo (alô, Revolução Francesa!)

Por isso, não é de se espantar que a indústria cinematográfica francesa constantemente invista em longas do gênero, e que muitos tenham sido bem sucedidos até na bilheteria mundial.

O Sabor da Vida“, novo filme de Tran Ahn Hung, que venceu o prêmio de direção no Festival de Cannes em 2023 faz parte dessa estatística. O longa tem a paixão pela culinária como ingrediente principal, que tempera o relacionamento entre os personagens Dodin Bouffant (Benoît Magimel) e sua cozinheira, Eugénie (Juliette Binoche).

Apesar da película mostrar apenas um curto período dos mais de 20 anos de convivência entre os protagonistas, ela deixa claro que foi o amor pelo ato de cozinhar que uniu os dois e que desencadeou também um amor romântico entre eles.

Como tudo começa…

O primeiro ponto a ser mencionado é: não esqueça de levar um lanche para a sessão! O filme tem 2 horas e 25 minutos de longos takes de preparo de receitas, pratos belíssimos, e várias composições culinárias. Mesmo que você comece a sessão sem fome, pode ter certeza, sairá dela com a barriga roncando!

Esse, inclusive, é um dos fatores que inicialmente mais chama a atenção, o detalhamento das cenas culinárias. Muitos dos takes na cozinha possuem poucos ou nenhum corte. Isso dá uma sensação de continuidade e faz o espectador se sentir parte da dinâmica, como se também estivesse auxiliando nos preparos ou fosse um observador ativo.

Só que, ás vezes, as linhas entre filme e tutorial culinário se borram. E, como tudo na vida, isso tem seus pontos positivos e negativos. Uma das primeiras cenas, por exemplo, mostra a execução quase inteira de receitas, já que um banquete está sendo preparado. Ao mesmo tempo em que a cena é importante para mostrar a sintonia entre Dodin e Eugénie e a intimidade da casa, ela parece se estender por mais tempo que o necessário.

Essa é uma dinâmica que se repete por todo o filme: a dualidade entre cenas muito longas, mas que se fazem necessárias enquanto ferramentas de aprofundamento da narrativa. Para um espectador que prefira cenas mais agitadas e variáveis, talvez “O Sabor da Vida” não vá agradar muito.

O tempero

Em contrapartida, o diretor acertou bastante ao fazer o longa como de época, em uma ambientação totalmente bucólica. Isso ajuda a dar uma desacelerada e oferece respaldo ao recorte de 20 anos da vida de alguém representado em 2 horas.

O uso de utensílios antigos no preparo dos alimentos, além de conferir precisão histórica ao filme, também dá um charme à fotografia. As atuações viscerais de Magimel e Binoche também se destacam; muitas vezes eles falam com um olhar ou gesto o que palavras não se atrevem a dizer.

Os diálogos, num geral, são bastante filosóficos e convidam à reflexão. O que, mais uma vez, pode ser visto como um ponto positivo para alguns e negativo para outros.

Quem está familiarizado com a cinematografia francesa sabe que esse tipo de recurso é comumente usado por lá. Porém, ele ajuda a destacar um ponto não muito favorável: o filme não é tão acessível quanto poderia ser.

Se o espectador não souber um pouquinho de francês ou sobre a cultura do país, ele pode se perder um pouco. E isso tanto na temática do filme, quanto em seu ponto principal, e até mesmo em algumas de suas piadas internas. Esse conhecimento prévio se mostra vital em alguns momentos, para compreender certos aspectos da narrativa, o que não é o ideal.

O veredito

O longa também peca em seu ritmo, que em determinado ponto se torna cansativo. Mesmo o roteiro sendo interessante, seu ritmo com velocidade invariável, a presença de pouquíssimos altos e baixos, e uma estética que raramente apresenta novos elementos, tem dificuldade em prender a atenção completa do espectador. Muitas vezes, o que o segura na cadeira é a esperança de um dinamismo futuro que acaba não vindo. O filme se arrasta ás vezes, dependendo bastante de seu elenco talentoso e carismático para continuar e terminar de contar sua história.

Ainda assim, “O Sabor da Vida” consegue mostrar de forma única e realista um amor construído durante uma vida inteira. Com muita naturalidade e poesia, ele exemplifica como uma paixão em comum pode ser um forte elo na vida de pessoas tão diferentes.

“O Sabor da Vida”

(França, 2023, 145 min). Direção: Tran Anh Hung. Drama Histórico/Romance. Em exibição nos cinemas de todo o Brasil.

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