Documentário premiado de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha estreia durante o mês da COP30 e traz Davi Kopenawa como figura central da narrativa
Depois de uma elogiada trajetória internacional, o documentário ‘A Queda do Céu‘ estreia nos cinemas brasileiros no dia 20 de novembro. O filme teve sua première mundial no Festival de Cannes, dentro da prestigiada Quinzena dos Realizadores. Com direção de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, o longa chega ao circuito nacional com a divulgação do trailer oficial e um novo cartaz.
Baseado no livro homônimo escrito por Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert, o documentário acompanha o xamã e a comunidade de Watorikɨ durante o ritual Reahu, um dos mais importantes da tradição Yanomami. Por meio dessa vivência, o documentário propõe uma reflexão profunda sobre espiritualidade, natureza e a relação dos povos originários com o planeta.

O impacto do lançamento no mês da COP30
A estreia nacional de ‘A Queda do Céu‘ ocorre em um momento simbólico: o mesmo mês da realização da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontece entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA). Para os diretores, o lançamento no Brasil carrega um significado especial.
“É emocionante ver o filme chegar aos cinemas no Brasil depois da belíssima trajetória realizada no mundo. A imagem da Queda do Céu trazida pelos Yanomami e por Davi Kopenawa é uma síntese precisa das questões mais urgentes do nosso tempo e do nosso país. O Brasil não se sustenta sem a escuta profunda dos povos indígenas, e o filme é um convite para essa escuta”, afirmou Eryk Rocha.
A codiretora Gabriela Carneiro da Cunha reforça o papel do longa como um gesto de escuta e aprendizado: “É uma alegria chegar ao Brasil com ‘A Queda do Céu’ e poder trazer para os próprios brasileiros as palavras desse imenso pensador Yanomami. Muitos aqui ainda não conhecem a força do pensamento de Davi Kopenawa. O filme é um convite para ver, ouvir e sonhar com os Yanomami um outro projeto de Brasil.”
O documentário brasileiro mais premiado do último ano
Com mais de 25 prêmios conquistados em festivais nacionais e internacionais, ‘A Queda do Céu‘ se consolidou como o documentário brasileiro mais premiado do último ano. A lista impressiona pela diversidade e relevância dos eventos:
- Grande Prêmio do Júri na Competição Kaleidoscope do DOC NYC, o maior festival de documentários dos Estados Unidos
- Prêmio Especial do Júri na Competição Internacional do DMZ Docs 2024 (Coreia do Sul), o principal festival de documentários da Ásia
- Melhor Som e Melhor Direção de Documentário no Festival do Rio
- Prêmios ABC 2025 nas categorias Melhor Direção de Fotografia, Melhor Montagem e Melhor Som
- Melhor Longa-Metragem Documentário Internacional no Festival Internacional de Cinema de Guanajuato 2024 (México)
- Prêmio Fundação INATEL no Festival DocLisboa 2024 (Portugal)
- Prêmio Principal Fethi Kayaalp no Festival Internacional de Documentários Ecológicos de Bozcaada 2025 (Turquia)
A forte presença do longa em mostras internacionais é sinal do impacto de sua mensagem ambiental e cultural, sobretudo pela abordagem poética e política do universo Yanomami.
Produção e coprodução internacional
‘A Queda do Céu‘ é uma coprodução Brasil-Itália, realizada pela Aruac Filmes, Hutukara Associação Yanomami e Stemal Entertainment, em parceria com a Rai Cinema. O projeto também conta com produção associada francesa da Les Films d’Ici, conhecida por colaborar em importantes documentários mundiais.
Na Itália, o lançamento comercial do filme também está programado para novembro de 2025. Isso amplia a sua rota internacional e evidencia o longa como uma das produções brasileiras mais relevantes do ano.
A fotografia privilegia o tempo da natureza e a narrativa é guiada pelas vozes Yanomami, fazendo um convite à escuta e à consciência ambiental. ‘A Queda do Céu‘ une arte, espiritualidade e urgência política em uma experiência cinematográfica única.
Sinopse
A partir do poderoso testemunho do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa, o filme “A Queda do Céu” acompanha o importante ritual, Reahu, que mobiliza a comunidade de Watorikɨ num esforço coletivo para segurar o céu. O filme faz uma contundente crítica xamânica sobre aqueles chamados por Davi de povo da mercadoria, assim como sobre o garimpo ilegal e a mistura mortal de epidemias trazidas por forasteiros que os Yanomami chamam de epidemias “xawara”, e traz em primeiro plano a beleza da cosmologia Yanomami, dos espíritos xapiri e sua força geopolítica que nos convida a sonhar longe.