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“O Desafio de Marguerite” não desafia o espectador e entrega mais do mesmo

Distribuido pela Synapse Distribution na exterior e pela Bonfilm Filmes no Brasil, “O Desafio de Marguerite” chega aos cinemas brasileiros pelo Festival Varilux de Cinema Francês. O longa de Anna Novion fez parte da seleção oficial de 2023 do famoso Festival de Cannes e foi bem recebido pela crítica internacional.

Apesar de seu tema ser bastante diferenciado e prometer um grande filme, infelizmente não é essa a realidade que ele entrega. O filme começa de uma forma excelente, com a personagem Marguerite (Ella Rumpf) sendo entrevistada. Durante o papo, conhecemos vários elementos-base tanto do longa quanto da personagem, o que serve como uma ótima ambientação inicial.

Vários dos ângulos de filmagem escolhidos pela diretora do longa destacam que Marguerite é uma das poucas mulheres a estudar matemática na École Normale Supérieure. Esta que é uma das melhores universidades do mundo. A personagem está finalizando uma tese de PhD, e tem um orientador chamado Laurent Werner, interpretado pelo brilhante Jean-Pierre Darroussin.

Aprofundamento do enredo

O matemático chama Marguerite de dramática diversas vezes, dizendo que ela possui atitudes de adolescente sempre que ela exprime algum sentimento ou cobra, de forma respeitosa, que ele faça seu trabalho e a oriente em seu projeto. Ela é descrita por ele como temperamental demais, quando na verdade é bem fechada e talvez até um pouco fria, raramente expressando seus sentimentos.

E aí o espectador, que já chega com expectativas altas sobre o filme, começa a pensar que ele vai entregar tudo que sua sinopse se propõe e discutirá várias questões interessantes. Como, por exemplo, o comportamento tão contido de Marguerite provavelmente ser uma espécie de autopreservação; já que ela convive em um meio extremamente masculino, onde qualquer mínima demonstração de emoções (por mulheres) será visto como temperamental e repudiado.

Ou a questão do personagem Lucas (Julien Frison), que é de fato emotivo, não ser visto dessa forma e nem julgado por isso, já que é homem. Principalmente pelo orientador de tese que ele divide com Marguerite.

O desafio que não desafia…

Até pouco antes do meio, a narrativa do filme se mantém forte, fazendo questionamentos pertinentes e mostrando a adaptação de Marguerite a uma nova realidade. Ele foge totalmente do estereótipo de que “tudo sempre dá certo na vida de gênios“. A personagem se mostra até então extremamente humana, seus dilemas ressoando com o público.

Mas a partir daí, o longa começa a enveredar justamente pelo caminho do clichê, de onde não tem mais volta.

A impressão que dá é que, do meio para o final do filme, o roteiro ficou com preguiça de desenvolver a história, de criar algo de fato diferente. Todo o grande potencial da história se perde e ele se torna mais do mesmo, água com açúcar, uma história como várias outras já contadas.

O único ponto relativamente interessante, daí em diante, é que o personagem Lucas apresenta características normalmente mais vistas como femininas, e Marguerite, masculinas. O problema é que justo nesse momento, o filme começa a vir com a velha narrativa de que uma jovem mulher só pode se sentir completamente realizada se estiver apaixonada.

Marguerite passa o filme inteiro parecendo estar insatisfeita com sua vida, mas é um envolvimento amoroso com Lucas começar, que ela se abre mais para falar sobre sua vida, para seus sentimentos, e solta até mesmo um prematuro “eu te amo” no final. O relacionamento soa como algo forçado, já que os personagens não parecem interagir muito fora de seu projeto acadêmico em dupla. A falta de profundidade e a rápida evolução no envolvimento dos dois não convence o público.

Marguerite e Lucas | Foto: Divulgação
A solução final

Se uma narrativa amorosa tinha que fazer parte da história de Marguerite, faria muito mais sentido colocar Noa (Sonia Bonny), sua colega de quarto, como seu par. Elas interagiram muito mais e em cenas muito mais significativas, algumas delas, inclusive, demonstrando grande proximidade entre as duas, além de uma forte parceria.

Do meio para o final, Marguerite também não se impõe mais. E, por mais que Werner a atrapalhe constantemente, a personagem facilita a vida do pesquisador durante todo o longa, sem nenhum motivo aparente. Esse é um dos motivos para o final ser completamente previsível.

Apesar do grande potencial, “O Desafio de Marguerite” não se destaca e acaba sendo apenas mais do mesmo.

14º Festival Varilux de Cinema Francês

O Desafio de Marguerite” é um dos 19 filmes inéditos participantes do 14º Festival Varilux de Cinema Francês. Ele fica disponível em cinemas de todo o Brasil até 22/11. A Capy cobriu a noite de estreia do evento, disponível aqui no site e em nosso Instagram e TikTok.

Além disso, entrevistamos Emmanuelle Boudier (curadora do festival) e Julia de Nunez (estrela da série de sucesso “Brigitte Bardot”).

Disponibilizamos também resenhas de outros longas participantes do evento, como: “Maestro(s)“, “O Renascimento“, “Meu Novo Brinquedo“, “Making Of“, “O Astronauta” e “O Livro da Discórdia“.

“O Desafio de Marguerite”

(França, 2023, 112 min.). Direção: Anne Novion. Drama. Em exibição nos cinemas pelo Festival Varilux de Cinema Francês 2023.

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